[Aventura] Caranguejo não é Peixe

nquanto experimentava uma última garfada de purê, carne e molho para averiguar  o sabor, ouvia passos e lamúrias vindos em minha direção. "Delicioso!" Pensava.

─ APAREÇA, SEJA LÁ QUEM FEZ ISSO! ─ berrava um excêntrico homem frente a mim, colocando a mão sobre o bolso, numa postura defensiva, sacando uma espécie de arma de dois canos. Durante o parco instante de hesitação em que o homem abaixou a arma e volveu a apontar para a minha cabeça, eu pegaria mais um bocado do meu prato especial numa colher bem cheia.

- I-isso não é um brinquedo pra apontar pros outros. Quem aponta uma arma tá apostando a vida.- dizia apontando a colher pro homenzinho verde, seguiria caminhando em sua direção pacificamente em linha reta. Se em algum momento o barão tentasse a iniciativa de atirar, com meus olhos postos em sua direção, realizaria esquivas com o corpo para cada disparo, acelerando progressivamente a minha aproximação. Quando estivesse perto o suficiente enfiaria a colher em sua boca, para que sentisse o sabor e então com a outra mão desferiria uma única bofetada de cima pra baixo em sua fronte extravagante. Então diria à moça:

- D-desculpa assustar, o homenzinho me irrita. V-ocê tem fome?

Caranguejo não é Peixe ─ 16

Aquela carroça não era tão boa quanto a que Crab havia ido, tão pouco nova e, por isso, mesmo nos piores cenários, ainda sim, seria forte o suficiente para partir aquela madeira quebradiça com a sua força atual, Bellamy, no entanto, não esperava tamanha falta de durabilidade e o que aconteceu a seguir não foi bonito.

Passou como um foguete, de uma ala para a outra daquele dirigível e, acabou que todas as suas ações posteriores a essa, foram frustradas por seu instinto de manter-se em pé - pois caso não o fizesse, cairia ou iria direto para fora da carruagem. O impacto de seu corpo degradou ainda mais as espécies de correntes que ligavam a cabine ao quarto em que você estava, desprendendo o cômodo, que começava a derrapar com agressividade e frear, dando uma série de giros no processo.

Agora, os três na cabine, encolhiam-se para que pudessem caber em um único lugar e, pensando rapidamente, decidira que aquele lugar seria o próximo a derrapar, caso continuasse ligado a um único camelo. Jogando o 'motorista' para fora, quando a cabine já estava prestes a girar, agarrou Nezha e pulou em direção ao camelo, segurando-a no processo para que a mesma não fosse para o chão.

Pode-se dizer que não havia sido o melhor jeito de sobreviver naquela situação, mas ao menos estavam lá. No camelo.
E, quem diria? Na praia. Como parariam o camelo? A carruagem de Crab poderia ser vista a frente de um navio belo.


Aquela conversa parecia maluca. De um lado, um ladrão de comida que havia decidido cozinhar para os outros. Do outro, o dono do barco - temporariamente - e de todas as terras importantes daquela ilha. Quem estava certo ou errado? E, apesar de não participar ativamente daquele show de masculinidade, Maki permanecia ao lado do ricaço.

─ Inocente?! Ele nos roubou!
─ Imagine se tivesse levado o meu barco para longe! ─ Ele pensou melhor ─ O seu, quer dizer! O seu barco, para longe!

E enquanto isso, com palavras abafadas, o pequeno gigante começava a se aproximar. Você perceberia que Crab retornara a atenção para o rapaz com as vestes estranhas e, novamente, apontava a arma com a mão tremendo. Parecia estar prestes a atirar. ─ Fique no seu lugar!
─ Em respeito a minha noiva, não vou atirar, mas não abuse da sorte!

Nesse instante, talvez por sua movimentação, o mesmo acabou disparando acidentalmente e o que acontecera a seguir fora exatamente o que narrou. Por sorte, ele havia errado a mira, mas agora, tinha parte do que cozinhou na boca e segundos depois, havia tomado uma bofetada que o atirara contra a parede.

─ Seu... seu DESGRAÇADO!

m momento de lucidez ascendeu em meus pensamentos, dosando o golpe o suficiente para não danificar o navio, fraco o bastante para prostrar o esquisitão sem retirar-lhe a consciência. A jovem mulher parecia o repreender e tomar sua arma, para depois lançar ameaças a mim.

- m-meu nome é Rag... E-essa máscara tá atrapalhando. - Dizia com a fala abafada sob a cabeça peluda do suíno, erguendo-a em seguida, revelando minha face - MEU NOME É RAGNAR, GOLD RAGNAR! EU TAVA CUM MUITA FOME, SÓ ISSO! ALGUM PROBLEMA MUIÉ? Cof cof! - tossia como quem quer corrigir o tom após se exaltar. - Eu só quero sair da ilha e encontrar minha mãe, ela é gigante e chama Frigga, você viu ela?? - inquiria curioso, e após ponderar as ameaças por alguns segundos, falava:

- Eu não queria lutar e quebrar esse navio tão bunito, mas se tu quiser cinco minutin sem perder a amizade, bora! Hishishishi! - Sorria para a moça num tom amigável.

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Com o desenrolar de todas as coisas, só podíamos ter certeza de algo: aquela aventura - ao menos o início, estava prestes a chegar ao fim. Sua postura intimidadora parecia não afetar diretamente o pequeno gigante que, fez-se presente colocando sua própria raiva e determinação a prova, visando intimida-la da mesma forma que o fizera, embora estivesse até o breve momento, com pensamentos contidos sobre o que ocorreria a seguir. Seu desejo era simples: ir para casa e encontrar a sua mãe e, talvez, deram o azar de ter deixado o návio próximo a baía.

Ninguém pensou que um esquisitóide chegaria, afinal de contas. Tampouco que, alguém fosse louco o suficiente de pisar naquelas terras e encarar a autoridade de Crab, que permanecia prostrado no chão com sérias dores em seu maxilar. De fato, não havia usado força o suficiente para desmaia-lo (Usou sim, só não balançou o cérebro o suficiente), mas aparentemente, havia usado força o suficiente para quebrar o queixo do desgraçado. Ele cuspiu um bocado de sangue e não fez frente à sua dama. Na verdade , em seu pouco momento de lúcidez, imaginou que certamente a mesma defenderia-o.

Só não esperava que aquela situação toda se voltaria contra ele.
Depois de suas palavras raivosas, ele entendera: não desejava casar com ele. Mesmo depois de todos os presentes. O que o deixava um tanto quanto surpreso e, ao mesmo tempo, chateado.

─ M...mas eu pensei... ─ Ele não tentou se levantar a partir dali.
─ Então você não quer se casar comigo? ─ Poderia ver mudanças súbitas em sua expressão. Raiva, medo, ódio, dentre muitas outras. ─ Cê é como todas elas... vêem até aqui em busca dos presentes sem se atentarem as palavras da carta. NÃO É MESMO?

─ BEM! O que eu posso esperar de alguém que nem mesmo saberia ler corretamente! ─ Finalmente ele começa a demonstrar as cores verdadeiras. Ele se levanta com dificuldade e começa a bater o corpo e roupas, visando tirar a poeira que aglomerava.

─ Que assim seja. Atira, vai!
─ Ou senão me deixa passar. Diferente de outros, eu sou alguém de palavra. Pode ficar com o návio e todos os outros presentes. Nada me interessa nesse lixo

E então se virou. Se desejasse o matar, o faria naquele momento, senão, ele simplesmente começaria a sair dali.
Nesse exato instante, a dupla de idiotas chegariam finalmente ali. Nezha e Bellamy, um Crab bem mais sujo, maltrapilho e quase irreconhecível estava a vossa frente. Com o rosto inchado e a cara de pouquíssimos amigos. Ele segurava com a mão o maxilar caído e era quase perceptível que precisava de ajuda médica.

Ao que tudo indicava, a garota era a possível e única responsável por aquilo.
Bellamy, mesmo não sendo inteligente, sacou que aquele rosto junto aos machucados só significava que, sua parceira havia negado o matrimônio sagrado com aquele homem.

E você, Nezha?
De fato atacaria alguém que sequer levantou a arma para ti? Mesmo depois de toda hospitalidade?