[Aventura] Caranguejo não é Peixe

Caranguejo não é Peixe ─ 14

─ Parece que ganhei a primeira rodada ─ Ele sorriu, recolhendo as cartas.
─ Primeira pergunta. O que veio fazer aqui? Digo... Não me parece conhecer nenhum dos outros dois. Os verdadeiros convidados de Crab ─ Astel era alguém visivelmente inteligente e, além de tudo, perspicaz. O fato de ter descoberto sobre esse fato sem necessariamente precisar de sua explicação era uma prova disso.

Com o fim de sua resposta, uma nova rodada de cartas seria lançada na mesa. Vez ou outra, apesar de tudo, ouviam os murmúrios de Bellamy, que chamava o nome de sua querida amiga.

O pesadelo em que estava era absolutamente horrendo. Sabia que se, o ato fosse consumado, Maki deixaria de ser uma de suas Nakamas, para se juntar a um homem estranho. Embora no seu exterior não soubesse os sentimentos que nutria, sua mente e interior não mentiam. Estava visivelmente Preocupado. Minutos passaram-se desde sua partida ao mundo dos sonhos, até que abruptamente, acordara. Como se, por algum sentido, sua determinação superasse aquele traço de seu corpo.

─ Quer se juntar a nós, Senhor Bellamy? ─ Fora a primeira palavra que havia escutado ao ter seus olhos abertos.


O banquete a sua frente estava delicioso. Maravilhoso.

Cada sensação que sentia, seja o ponto da carne, o tempo de cozimento dos legumes e temperos diferentes, transportava-o para outra dimensão. Seja quem for o responsável por aquele banquete, de fato, era um cozinheiro e tanto. Na verdade, superior até mesmo ao que conseguiria fazer. Aquilo, aquela informação específica parecia tê-lo acordado e forçado a procurar a cozinha. Seu objetivo? Cozinhar.

Alguma busca depois, acabaria encontrando uma porta mais ao fundo, com utensílios e alguma comida que poderia preparar.


Crab olhara-o com uma ponta de dúvida, mas rapidamente deu leves tossidas, enquanto retornava a sua postura, tomando o copo de bebida em sua mão para que pudesse toma-lo. A bebida era cara, além de boa. Mesmo alguém rico não poderia desperdiçar, afinal.
─ Bem... Vamos chegar primeiro e, então me aprofundarei quanto a esse assunto. ─ Ele sorriu.
─ Se me permite a palavra, está belíssima! ─ Continuou.

A chegada até a praia ocorreria minutos depois e, a luz da lua, a carruagem parara. Com a porta aberta, Crab fora o primeiro a descer, estendendo a mão para que pudesse ajuda-la. Em uma pequena ponte, você já poderia ver Serenidade. Era um belo barco, não muito grande, mas extremamente bem ajeitado. Havia balões e afins, devido a ser o presente.

xplosões de sabores harmônicos e intrigantes passeavam pelo meu palato feito um balé meticulosamente ensaiado, tal como a brisa leve e fresca que encrespa as ondas. A carne macia com toda a sua suculência, bem dourada, junto dos legumes assados ao azeite com tomilho e outras ervas frescas, traziam uma completude ao prato, um requinte na simplicidade. Enchia a barriga com um prazer que há tempos não desfrutava. Impávido, levantava-me da mesa com a cabeça inebriada de inspiração. Após aquele prato, distante das técnicas e saberes que eu tinha, sentia que precisava cozinhar naquele momento, nada mais importava.

Após tatear mais um pouco aquele navio, encontrava aos fundos a cozinha. "Finalmente!", pensava. Com ágeis mãos e um pano limpo, higienizava a bancada à minha frente. Disporia sobre ela uma tábua limpa e grande o suficiente para apoiar a parte do boi que escolhi preparar, a chuleta ou carré, um corte de muito sabor da parte superior da rês do boi. Com a destra segurava habilmente uma faca mais longa para separar as fibras rubras e macias da carne de cada vértebra ao longo da ossatura. Feito essa separação, dividiria com um corte preciso e simétrico no carré de um osso, em cada parte daquele corte, o tanto de carrés que rendesse. Reservando todos eles, bem dispostos e organizados numa assadeira rasa, pegaria o moedor de pimenta preta e o giraria em sentido horário cinco vezes, depois repetiria o processo com o moedor de sal, mas apenas três vezes, para que não passe no sal. Repetiria o processo em cada um dos carrés dos dois lados e deixaria-os de lado, enquanto pegavam sabor.

"Não vou jogar esses ossos fora.", pensava enquanto tomava um cutelo em mãos, partindo aquelas vértebras em pedaços menores para que coubessem bem na panela quente que aguardava com um bom fio de azeite. Cortaria rapidamente de modo grosseiro, cenoura, cebola e salsão. O que os chefs do navio mercante me ensinaram a chamar de mirepoix. Dourando os ossos e legumes com o fogo médio, jogaria alguns ramos de tomilho e umas folhas de louro, sal e pimenta, mechendo todos os ingredientes com uma colher de pau enquanto braseavam e tomavam uma cor dourada. Deixando alguns segundos parados, para que pegasse um pouco no fundo da panela, mas sem queimar, pois era aquilo que daria cor e sabor de fundo ao meu jous. Colocaria um sexto da panela de água e mais um quarto da garrafa de um bom vinho branco que peguei do banquete, mexendo um pouco e aguardando uns bons minutos até que o álcool evaporasse e o caldo reduzisse mais em sabor, dando tempo ao processo daquilo virar um caldo de carne bem concentrado, para que o colágeno e o tutano dos ossos se dissolvessem e incorporassem bem aos legumes e temperos, juntando bastante sabor. Aquilo seria a base do meu molho, que ao fim eu coaria no chinois, em uma molheira de porcelana, antes tirando todo excesso de gordura com um papel toalha.

As batatas que deixei cozinhando previamente já estavam bem macias, então tirei-as no escorredor e as amassei com o utensílio apropriado, jogando alguns cubos de manteiga aos poucos, corrigindo o sal e pimenta branca enquanto experimentava, em seguida passando todo o puré por uma fina peneira, para que ficasse macio e sedoso, sem nenhum grânulo duro. Numa grande frigideira bem aquecida na boca do fogão, jogaria um bom pedaço de manteiga e um fio de azeite para que ela não queimasse, meia cabeça de alho cortada transversalmente, um ramo de tomilho, e todos meus carrés temperados para dourar um minuto de cada lado, regando sempre com a manteiga derretida e saborizada da frigideira, para manter a suculência. Deixando-os chegar a uma boa reação de maillard, bem dourada com uma crosta saborosa, mas tempo o suficiente para manter o ponto rosado com toda a suculência através do descanso necessário, onde a carne finaliza o cozimento com o calor residual de si mesma. Finalmente terminado tudo, separaria as quantidades de cada preparo em uma marmita bem apresentável e sobretudo bem servida para mais tarde, quando a fome batesse à porta novamente. O que sobrasse levaria em travessas e bandejas para repor o banquete que comi, por mero capricho. "Espero que não notem a bagunça que eu fiz! Hishishishi!" Dizia a voz da cabeça.

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Algo totalmente inesperado ocorre e, o mordomo é acertado por um ataque em conjunto daquela dupla formada em meio à uma situação desesperadora. Talvez esperassem que, o louro ao menos tentasse defender-se e, por um instante - especificamente você, Bellamy percebe os olhos do mordomo se moverem numa mesma velocidade que suas mãos e, então, sua cabeça. Mas antes que tivesse algum pensamento errôneo, ambos colidem e com um chacoalhar no crânio, aquele que até então era o responsável por servi-los, caia desmaiado - não sem antes receber um golpe no pescoço, de Nezha.

Era o suficiente.
Vocês se conheciam - conheciam a força que detinham e, sabiam que era praticamente impossível não desacordar, ainda mais depois de golpes tão bem articulados e sem qualquer tipo de defesa prevista. Mas... porque aquela sensação estranha permanecia no ar? Nezha, talvez tivesse sentido como se fosse osso em sua mão. Digo, de fato, era um pescoço - mas aquilo não era resistente de mais? E, nem mesmo o som de algo quebrar?

E Bellamy, os olhos daquele homem - não eram o de alguém em desespero. Na verdade, era como os de um predador. Mas, ele estava caído. E, sinceramente, não haviam por que continuar batendo no pobre diabo. Havia urgência em suas ações e, a partir dali, focar-se em Maki - salva-la de Crab, era totalmente necessário. Agora, com as rédeas da situação, permaneceriam na carruagem que andava a passos lentos ou pulariam da mesma?

Sabia que, do lado de fora, um outro empregado era responsável pelos cavalos que guiavam-lhes. Poderia, talvez, fazê-lo de refém e força-lo a correr mais rápido até o Barco. O céu era o limite.


Maki, ele pega a garrafa com muito amor e uma pontada de nojo é sentida. Mas, apesar de tudo, aquilo era pequeno. Pequeno de mais para o que via a sua frente. O barco era incrível. Claro, nada de mais se comparado às grandes embarcações que já havia filmado e contracenado, mas aquilo era real. Tratava-se do barco em que se tornaria uma Grande pirata, em conjunto à Bellamy e todos os outros parceiros que encontrariam.

Fato é, era incrível.
Enquanto passeava pelo convés, observara a bandeira branca: certamente poderia pintar ali o que vocês significariam daquele instante em diante. E, na verdade, praticamente conseguia visualizar com a mente a imagem de uma caveira com um grande colar de pérolas - como às de Bellamy. Sequer notara que, até aquele breve momento, os outros dois que sairam com você não terem chegado até ali.

Enquanto isso, passos atrás de ti, Crab arrumava o cabelo, os bigodes e retirava de seu bolso uma aliança bélissima. Ele estava se preparando, criando coragem, mas se virasse o rosto para ele, certamente esconderia, oferecendo um sorriso amarelo e uma coloração rosada em seu rosto.
Até que: ─ O que acha de descermos? Há outras partes do návio que eu acho que vai adorar!
─ A cozinha... bem, temos alguma comida preparada, caso esteja com fome
─ Poderá ver os quartos também...


Ragnar - havia algo de errado. Enquanto cozinhava e preparava o seu próprio banquete, em algum momento, começara a ouvir passos acima de você, que andavam de um lado para o outro. Parecia ser, ao menos, duas pessoas - o que explicaria também uma conversa, vez ou outra, que escutava. Mas estava a noite e estava em um barco, como haviam o encontrado? E, pior: se fosse a marinha, estaria frito. Uma luta, no meio do oceano... se Caísse na água, seria o fim.

Com todas as possibilidades em sua mente, como se sentia? Havia algum tipo de medo? Ou algum outro sentimento tomava conta de ti?

bsorto em total concentração no ato de cozinhar, passos eram ouvidos por mim logo acima. Mas nenhum temor perpassava o meu coração, pois confiava em minhas habilidades o suficiente para apenas continuar ali cozinhando até terminar a tarefa que me propus a fazer. E se alguém ali chegasse a me indagar o que lá eu estava fazendo, eu apenas reuniria toda a minha sinceridade e simplicidade para dizer:

- E-eu tô só... cozinhando pra nois!

Caso ninguém lá chegasse, e terminando os pratos, eu seguiria o plano de organizar os preparos em travessas até levá-los numa bandeja para repor a mesa de jantar.

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─  Bem... Como pode ter percebido, nossos cozinheiros são os melhores de todo o Blues! ─ Ele começou a puxar alguma conversa. Crab parecia estar preparando-se para propor algo a ti. ─ Não só isso. Há bebidas, dinheiro e todo o tipo de riqueza nessa ilha. Comigo! ─ Inicialmente, ele não parecia estar se gabando, mas falando de uma forma como se, de fato, estivesse tentando vender o próprio peixe... Ou linguiça. Ele deu uma leve corridinha, tomando a frente para que pudesse abrir a porta para vossa senhoria.

─ Entre por favor, sinta-se em... O QUE? ─ Antes que completasse sua frase, seus olhos focaram na sala de jantar e algo impressionante fizera-o abrir os olhos quase o suficiente para que os mesmos saltassem para fora da órbita.
─ QUEM ENTROU AQUI? E ARRUINOU MEU LINDO JANTAR?! ─ Crab estava realmente indignado. Foi nesse instante, pequeno gigante, que percebera os passos indo em direção à você. A sua cozinha.

─ APAREÇA, SEJA LÁ QUEM FEZ ISSO! ─ Continuou, puxando de um coldre quase invisível, uma arma de canhão duplo. Naquele instante, ambos se entre olharam. Ele parecia não ter entendido e ter perdido o seu empenho em matá-lo ao vê-lo cozinhando. Talvez fosse um dos cozinheiros. Mas quem em sã consciência se vestiria como você? Ele abaixou a arma por um segundo e era quase tátil a dúvida em seu olhar.

─ Quem... ?
─ Está cozinhando? O que quer dizer com isso?!

Ele retornou a apontar, agora a arma em direção à sua cabeça.


─ Calma! Calma amigo! ─ O 'motorista' respondera, enquanto parecia estar bem em ouvi-los.
─ Não queremos confusão! Faremos tudo o que pedirem! ─ Continuou. E, de fato, no instante em que pôs os pés ao seu lado, os camelos aumentaram grandemente a velocidade, praticamente correndo. ─ Por favor! Não nos machuque! Somos apenas servos. Como todos os outros. Não temos culpa! ─ Ele começava a chorar, especialmente depois de ver seu capitão jogar o mordomo que não havia feito nada contra vocês, da carruagem em movimento.

Certamente uma pessoa comum não sobreviveria depois de tantos ataques. O que eram? Monstros?!

─ Eu tenho família. Meu filho está me esperando, por favor ─ Ele começa a chorar copiosamente e, nesse instante, a carruagem começa a perder o controle. Um dos camelos se desprende e rapidamente sai em direção contrária de onde estavam indo, fugindo em direção ao deserto.

Agora, sem controle e com o movimento debilitado, a carruagem começava a virar. O que poderiam fazer para remediar a situação? Se é que fariam algo ou se deixariam tombar.

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