[RP] Ser Artista É Foda

Ser Artista é Foda ─ 06, 07

Era uma cena, no mínimo, engraçada. Tião, um homem já adulto conversando tão calorosamente quanto vocês - que embora não fossem mais crianças a anos, estavam longe de serem considerados verdadeiros homens. Fato é, o mesmo continuou ouvindo-os com cautela e, evidentemente sua pressão mudara ao ouvir a ideia do homem-elefante. Sair dali, sem sequer falar com o Tenente? Quanto perigo.

─ Isso é errado, Manjiro! E se ele descobre? ─ Perguntou, mas naquele momento, sabia que cedo ou tarde, ele aceitaria a ideia. Simplesmente por que, em nenhum momento, seu rosto surpreso vencia a empolgação de seus olhos.

─ Tá certo. Mas... teremos que sair a noite ─ Continuou. ─ Se não vamos falar para o Tenente, no entanto, também não poderemos contar ao Barão. Os dois são enrabichados. Dizem as más línguas que Zerra é a mão direita de Crab

Por fim, a decisão que deveriam tomar era essa: Contar a Zerra e, talvez, ter uma rota de fuga mais possibilitada pelo homem, ou, ir sem nem ao menos um aviso e estar a própria sorte. Ambos os casos, haviam vantagens e desvantagens. Indo sozinho, não estariam tão entrelaçados para com a justiça e, poderiam andar levemente à margem da mesma. Talvez, até mesmo, auxiliando na captura e morte de Lampião.

Mas, se contassem a Zerra, um poderiam contar com um atirador e estrategista nato. Talvez, um plano melhor pudesse surgir. Só que, provavelmente não receberiam crédito algum por isso.

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Após aquela conversa que parecia ter durado décadas devido ao baixo intelecto de cada um dos presentes, todos seguiram seus próprios caminhos. Manjiro acabara por dormir o restante do expediente, o que levou-o horas depois ser acordado pelo irmão do Tenente, que parecia irritado com a indisciplina. Apesar de tudo, o desgraçado sabia com quem mexia - mesmo sendo irmão de quem era, raramente mexia com pessoas que pudessem significar algum tipo de problema, como era o caso do louro-elefante.

Por outro lado, o 'capitão' Inoke decidira seguir sua pesquisa quanto aos nomes e rostos conhecidos por aquela área: seu objetivo? Encontrar os pequenos primeiro e, criar uma trilha de destruição e prisão para quem entrasse no meio de sua busca para com o desgraçado do Lampião. Fato é, além de uma leva de bandidos de esquina - que, sequer pagariam seu café da manhã, todos os outros estavam no deserto.

─ Há também um grandalhão, recém chegado. Sinceramente, nunca o vi, mas a marinha dissera que o desgraçado deu problemas ─ Fora respondido em um dos restaurantes que acabara por passar. Apesar de tudo, não havia o retrato falado do dito gigante e, menos ainda, seu paradeiro. Talvez fosse um dos novos homens do Cangaceiro.

E, finalmente, Tião. Diferente de ambos, este sim trabalhou e, seu turno terminou apenas minutos antes do reencontro. No ponto escolhido por vocês, ambos surgiram de cantos diferentes. O barrigudo parecia bem mais preparado. Vestia uma capa escura que tampava totalmente seu rosto e corpo, além de uma mochila, com algum suprimento e água. Ao vê-los, olhou com certa dúvida e rapidamente perguntou: ─ Onde está a água de vocês? Sabem que vamos ao deserto, certo? ─ Ele parecia incrédulo com a pouca preparação.

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Felizmente, para vocês, Tião havia orquestrado tudo.

Sabia que, na noite em questão, um comboio para uma breve viagem ao deserto havia sido criada pelo Barão. Seu objetivo era corta-lo rapidamente e, antes que Lampião pudesse sonhar que haviam pessoas em seu território. Era mercadoria barata. Uma série de vinhos de segunda. Mas haviam separado um bom espaço. Caminharam seguindo o estranho velhote que parecia preocupado e, ao mesmo tempo determinado.

Ele não havia achado tão engraçado a situação em que haviam se metido. Sem água ou comida, eram presas fáceis. Mas se realmente quisessem ir assim, que fossem. Ele não era pai. Muito menos era um gato, para ter filhos barbados.

Enfim e, já nas terras de Crab, por trás de paredes finas, era a hora do plano entrar em ação. Perceberam quando Tião se posicionou de maneira NADA furtiva, embora realmente tentasse. Ele colocara o dedo a frente do beiço, soltando um sonoro "Shiiiii" caso algum de vocês tentasse falar algo.

─ Não tem ninguém entrando ─ Cochichou.
─ É a hora perfeita. Vamos! ─ E começou a correr em direção aos barris.

Já lá, ele tirou uma faca do bolso, começando a destampar um dos mesmos.
─ Façam o mesmo. Destampem. Derrubem o vinho e entrem dentro! Rápido ─ Continuou.

Apesar de tudo, haviam sacos de batata também no lugar. Ou poderiam simplesmente ficar na escuridão. Não necessariamente precisavam seguir a ideia estranha de Tião.

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Todos decidiram por bem, seguir Tião e, em poucos minutos, haviam entrado dentro de barris. O cheiro de álcool e vinho ainda era presente no interior, mas menos pior do que poderiam imaginar. Felizmente, não acabariam bêbados antes de chegarem ao deserto e, muito por que, todos tiveram uma mesma ideia - criar furos em diferentes áreas de suas novas 'casas'. Não tardou para que uma dupla de trabalhadores surgisse, caminhando da praia e, com alguma dificuldade, colocassem-os para dentro do que parecia ser uma espécie de 'carruagem', mas especificamente para carga.

Eles reclamaram e, vez ou outra, olhavam para as poças de vinho no chão, mas sempre colocavam a culpa um no outro, sem nem mesmo sonhar que um grupo estranho havia se enfiado no meio da carga.

─ Não veio nenhum marinheiro acompanhar a carga. Nem o retardado ─ Dissera um dos homens responsáveis pelo carregamento dos barris de vinho. Ele dera uma curta gargalhada que rapidamente fora interrompida por seu parceiro.
─ Não fale assim dele. Não aqui. As paredes tem ouvido. Se descobrirem, estamos mortos. Fritos. Vão nos jogar no deserto ─ Cochichava.

Minutos depois, começaram a se mover. O frio do deserto começava a descer em vocês e ainda faltava um longo caminho pela frente. Felizmente, a dupla havia passado para a parte da frente, sentando-se ao relento. Eles iriam 'dirigir' os animais que caminhavam a passo lento - camelos. A partir dali, se desejassem, poderiam conversar ou sair dos barris. Desde que não fizessem barulho.

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Tião e Manjiro entreolharam-se acompanhando a sua saída para fazer o mesmo. O velhote fora o que mais teve dificuldades em fazê-lo. ─ Tava quase dormindo ─ Dissera o louro, enquanto abria a bocarra em um longo bocejo.

Quanto à Tião, sobrara a ele a sensatez, pedindo silêncio ao outro marinheiro e, também, a você. Ele ouviu o que havia dito e, apesar de tudo, as opiniões pareciam bem divididas. O rapaz que se transformava em um elefante dera de ombros, como se esperasse aquela decisão de um de vocês, mas o velho parecia totalmente contra, balançando a cabeça repetidamente.
─ Não, não, não! ─ Então, a explicação do por que: ─ Se continuarmos aqui, poderemos surpreender, caso sejam de fato, roubados pelo grupo do desgraçado!

─ Senão, poderemos pular quando dentro do deserto

─ Se tomarmos o poder da carroça agora, estaremos FO-DI-DOS! Seremos capturados na primeira opção e, no pior dos casos, nos perderemos. Sem água ou comida ─ Continuou, ainda sussurrando.

Apesar de tudo, você era quem deveria decidir.
─ Vamos esperar, ao menos mais um pouco

E caso o fizesse, algum tempo se passaria de fato e, rapidamente a noite tomaria conta de tudo. Havia nenhuma ou quase nenhuma iluminação presente, além de luminárias nos bancos separados, onde os dois responsáveis pela carga continuavam a conversar aleatoriedades. Uma hora falavam sobre mulheres, outra sobre a vontade de sumir para o deserto. Talvez se tornarem nômades. Mas algo a se mencionar era o fato de que ambos temiam a marinha, Crab e os bandidos do deserto.

Apesar destes últimos ao menos nunca terem feito nada de mal com eles.

Até que o barulho do que se parece ser um trovão ecoa ao lado de fora, cortando a escuridão com um grande brilho.
Manjiro que dormia, acordara em sobressalto como se pressentisse algo e, mesmo uma tromba começava a surgir de seu rosto humanóide. Tião partira para o seu lado, abaixando-o caso decidisse tentar se levantar.

─ Algo tá acontecendo. Vamos ficar em silêncio e abaixados

A carroça que, antes, movimentava-se com velocidade, começa a parar vagarosamente até que em um momento, está totalmente imóvel.
Oque acontecia do lado de fora?