[AVENTURA] - Algemas XXG

‘Papai? Papai? Socorro!’ Barulhos e mais barulhos, fogo por toda parte e tiros em toda direção. Laminas cortando carne, como um açougueiro experiente e determinado. Cheiro de sangue como uma carnificina bem montada. Ouvia os gritos de meu filho e de minha esposa, pouco antes de partirem deste mundo. Era como uma fina agulha cravada no corpo, difícil dizer onde estava e apesar da dor, era suportável. Mas pelo fato de estar extremamente bem cravada e há tanto tempo... Parecia algo impossível de retirar.

A memória ainda estava turva e confusa, não que fosse novidade. Afinal, quando um homem bebe devidamente tem que estar preparado para o colateral. E o meu era uma ressaca demoníaca. Sentira um fedor bastante irritante, além de um gotejar que se atrelava de uma forma muito inconveniente. Falando nisso... Notava o barulho de correntes, logo abrir os olhos era eu que estava acorrentado. “Huh? Só pode ser brincadeira.” Ponderei por alguns instantes enquanto em seguida notava que era o suor do rosto que gotejava ao chão.

*Fiussss. Soltava um suspiro em desalento, enquanto mal conseguia coçar a cabeça. ~ Mas que diabos. Proferi em um som baixo, logo ouvindo um reles mortal se dirigir a mim. Para minha surpresa, se já não bastasse ser aprisionado, era semelhante de Elbaff; ou assim deduzira. ~ Horororo. Pelo visto está de férias aqui, chara. Debochei mesmo sabendo que eu estava na merda também. ~ Bem que eu estava precisando de um lugar descente para dormir e alguém para servir minha comida. Tocava o estômago com fome, percebendo uma boa oportunidade para satisfazer minhas necessidades. ~ Se for preciso ser torturado para isso, por mim tudo bem. Seria um bom exercício para o corpo. Ignorava o fato de ter sido trazido contra minha vontade; apesar de que nem tive escolha.

Havia observado o estado deplorável do outro gigante, não tardando para puxar uma conversa mais interessante. ~ Ei camarada! Já pensou em fugir daqui? Era uma pergunta meio óbvia e estúpida, mas tinha que ser feita com propósito de atiçar sua resposta. ~ É claro que sim, não precisava nem perguntar, dá para ver em seu rosto. Hmm... Apesar de que acho que este homem já foi morto, ou será que não? Arqueava a sobrancelha e direcionava um olhar viril juntamente com um sorriso carismático.

Qual seja a resposta do homem, estava pouco me importando. Só estava esperando o rango chegar, talvez?! Pensado isso, socaria o chão com propósito de aguçar a curiosidade do guarda, seja quem fosse. ~ Pirralho! Não ta na hora da comida não? Se eu morrer de fome antes do julgamento tu pode se dar mal. Tentaria uma abordagem mais tranquila, mas dado meu temperamento, com alguma recusa dele, acabaria lhe jogando um olhar frio e selvagem. ~ Então é mais fácil eu te arrebentar, esmagar esses seus frágeis ossos e comer em outro lugar! Tentaria intimida-lo em busca de saciar a fome. Afinal de contas, eu até poderia estar preso, mas isso não significava nada perante o homem que tomara estes mares como o maior simbolo da pirataria.

histórico:

“Mas que bando de frouxo... essa geração não tem gente.” Pensei comigo, agarrando o carrinho e comendo aquela gororoba. “Ahh, que saudade de sua comida... Atalanta.” A comida na verdade dela era pior que essa, nem sei como era possível alguém cozinhar tão mal, mas era exatamente por isto que lhe amava. Ela fazia com tanto amor e carinho, como um homem poderia negar a comida de sua mulher com tamanha dedicação?! Era obvio que não.

~ Drahahahahaha. Ria em um tom baixo, logo dando uma olhada ao outro gigante. ~ E então camarada, percebo que está desanimado e frustrado. O que acha de ‘eu’ grandioso Hork mudar o seu futuro, hein? Sorria diabolicamente, mas preservando palavras sinceras e com ambição. ~ Posso lhe dar todo restante desta comida. Mas em troca... O que me diz de botar pra quebrar? Literalmente. Piscava para ele de forma amigável, empurrando o carrinho até ele enquanto engolira o restante de comida na boca.

~ Vou te falar a real, um homem deve ver o horizonte de cima. Nem que para isso tenha que ter seus ossos esmigalhados e sua pele tostada. Entende o que digo? Proferia com certa sagacidade, tentando reerguer aquele espírito gladiador que todos os guerreiros de Elbaff detêm. ~ De qualquer jeito, eu vou usar toda minha força para sair daqui, e você... Sinta-se a vontade para me seguir ou morrer neste deplorável lugar. Limpava a boca, enquanto começava a tentar ficar de pé, pulsionando os músculos e irrigando-os com fluxo de sangue, na base da adrenina, preenchendo com oxigênio e muita, mas muita energia física. ~Uohhhhhh!! ESFORÇO MÁXIMO!!! Gritava ensandecidamente.

Manifestaria toda minha força bruta provinda da raça, dos anos de vida e dos longos treinamentos. Demolir para muitos era algo árduo, mas para mim era uma arte inata. Era mais fácil não destruir as coisas do que destruí-las. Uma vez que conseguisse arrebentar as algemas e chutar a barras da prisão; talvez gastas, enferrujadas ou simplesmente mal instaladas, aproveitaria da oportunidade para arrombar a saída na base da força bruta. Não sabia se ia dar certo, já que, poderia ser uma prisão bem reforçada. Mas no fim, só havia um jeito de saber: testando minha força.

histórico:

*Uffs... Uffs...Ufss. Ofegante e cansado, talvez pela fome ou pela ressaca, seja o que for, aquele infernos de correntes eram mais resistentes que imaginava. ~ Mas que diabos! Eu já sei seu paspalho. Falava para o outro gigante, socando o chão em seguida que havia sentado. Foi nesse momento que me ocorreu um lampejo de ideia. “Se eu não consigo romper essas algemas, talvez... as paredes possam ser demolidas.

O sorriso demoníaco ressurgira, apesar de a pouco momentos atrás ser acometido pela frustração, não seria suficiente para me abater meu animo. Entretanto, uma figura aparecia de forma pomposa. ~ Hmm. Terrível? Eu não diria isso. Na verdade... te digo que é até agradável aqui dentro, já estive em puteiro e cabaré que era mil vezes pior. Horororororo! Riria fintando no fundo dos olhos do humano enquanto erguia os braços para o alto o quanto pudesse. ~ Mas não estou mais a fim de dormir outra noite aqui. Afinal de contas, o mar me chama. Pontuaria, ainda sentado, com intuito de desferir uma porrada contra a parede próxima a mim. Tentaria rompe-la com um poderoso golpe, caso insuficiente usaria todo o corpo como uma arma de demolição, carregando o restante das energias atrelada à raiva impetuosa.

Caso houvesse conseguido demolir a parede, arrastaria as correntes e, antes de sair da prisão proferia para o gigante e o soldado da marinha. ~ O que fazemos em vida, ecoa pela eternidade! Lembre-se bem disso. Olharia de relance e em seguida tentaria andar, se houvesse espaço entre as correntes. Caso não, pularia como um titã louco até a orla da praia. Chutaria as casas, fontes, bancos, pessoas, o que tivesse pela frente com o propósito de só parar ao chegar no destino almejado.

histórico:

“Mas que maldição! O que está havendo comigo hoje?” Pensei por um momento, percebendo que minha força era insuficiente para por um fim no que impedia minha saída: as paredes da prisão. A verdade era que minha força era muito superior as de outros gigantes, disto sabia bem. Eu era dotado de uma fortitude invejável. No entanto, algo parecia frenar minha capacidade em recrutar minhas energias. “A ressaca foi uma das mais fortes, pelo visto.” Suspirei enquanto escorava o tronco na parede e então fechava os olhos por um momento.

A resposta do guarda era irritante, tão irritante quanto uma farpa na mão. Sua risada era debochada e suas palavras uma cruz, mas de fato... havia veracidade. ~ Dahahaha. Que maré de má sorte esta minha. Proferi em um tom baixo, tentando não ser acometido por uma fúria e desgastar ainda mais minhas energias com aquele pirralho de merda.

O marinheiro então ia embora e eu permaneci parado, me recuperando daquela intensa ressaca enquanto descansava o corpo. Não tardou para uma trupe de soldados chegarem e imobilizarem meu corpo. “Ora, ora. Parece que a oportunidade de ir embora vira mais cedo do que imaginei.” Ponderei.

Confesso que ser acorrentado daquela forma me aborrecida demais. Entretanto, era compressível a preocupação deles. Afinal de contas, uma fera deve ser bem enjaulada, ou arrancara seu pescoço.

Ficava quieto enquanto apenas fintava-os com um olhar bastante intenso, voraz e muito odioso. Após grilhões serem postos por todo corpo, pediam para eu me por de pé. ~ Dahahahaha. Uma formiga tentando me dar ordens, mas que audácia. Falei ainda que começasse a ficar de pé, olhando de cima aquele pequeno e frágil humano. ~ Será que é seu dia de sorte ou azar ter que me escoltar?! Argumentei de forma extrovertida.

Eu não estava nervoso ou preocupado, até porque não seria a primeira vez que havia sido preso. De qualquer forma, ser mandado por um moleque remelento isso sim era revoltante. ~ Você parece contente por dar ordens a um monstro, realmente deveria. Afinal, poucos são aqueles que tem este privilégio de fazer isso e ainda respirar por muito tempo. Expressei um sorriso impetuoso. ~ Mas deixa eu te dizer uma coisa, garoto... a morte pode vir mais cedo para você e seus amigos ai. Inclinaria o tronco um pouco mais para frente para olhar no fundo dos olhos dos humanos. ~ Se quer me fazer de burro de carga... tenta a sorte. Posso esmagar todos vocês, enterrar seus corpos neste campo de mineração ainda com essas malditas correntes! Enfatizaria meu tom de voz e meu olhar assassino, tentando intimidá-los ao tempo que buscaria que me deixassem em paz por algum tempo.

histórico:

Havia sido trazido para o tal pátio dos prisioneiros, que pelo visto trabalhavam por sua comida. “Que merda de vida é essa.” Pensei por um momento, logo sentindo um gosto amargo na boca, afinal, a ressaca já havia terminado e meu corpo estava pedindo por mais álcool. ~ Aonde é que eu vou achar uma bebida descente por aqui?! Cruzei os braços e começava a observar o ambiente ao meu redor. O problema nem era achar uma bebida descente, mas sim qualquer coisa alcoolica.

A prisão era bem reforçada, não é a toa que haviam me trazido para cá. “Háh! Tá explicado agora eu não ter conseguido arrebentar aquela prisão.” Refleti enquanto esboçava um sorriso de satisfação; o que era irônico, já que, alguém ficaria feliz por ser contido dessa forma? Talvez só eu mesmo, enfim.

A guarnição da marinha estava em peso, pois que, estavam sempre de vigia com suas armas apontadas para os presos. ~ Dahahahaha. Não esperava menos desses bostas. Isso é o mínimo para conseguir me prender adequadamente. Falava enquanto começava a caminhar vagarosamente, tentando buscar pontos fracos dentro da prisão, seja fendas, rachaduras nos muros, grades enferrujadas, etc.

Sinceramente eu não era muito bom com essas coisas de analise, mas não custava tentar. De qualquer forma, meu corpo pedia por bebida e eu estava começando a perder o foco por este motivo. ~ Aí cara! Chamei um dos presos enquanto me aproximei. ~ Aonde é que eu consigo uma bebida com álcool nessa bodega? Ou quem eu tenho que matar pra isso? Fala pra mim aí!!! Falava em um tom de voz alto, imponente e sem muita paciência. Era justificável, já que, a garganta seca e o corpo começando a se tremer diziam estar começando a sentir a abstinência. E isso não era nada bom. Afinal de contas, a ultima vez que perdi a cabeça por esse motivo eu literalmente devastei um pequeno vilarejo ensandecido por álcool.

histórico:

Coçava a cabeça tentando encontrar algum inútil que pudesse me ser útil; dito e feito! Alguém me respondia. “Apesar desse Zé-roela ser bem abusado.” Ponderei, enquanto inclinava o tronco para frente com intuito de aproximar meu rosto do pequeno humano. ~Hmm? Apoiava os dedos no queixo enquanto fintava o rapaz nos olhos e ouvia o que tinha a dizer.

O prisioneiro informava haver uma bebida criada por eles, confirmando também ser ruim. ~ Hooh!!! Você é bem desbocada hein, mas simpatizo com tua pessoa. Valeu parceiro! Proferi, apreciando o gesto do humano em dizer onde era seu milagroso canto do prazer; ou seja, tava na hora de encher o galo.

Antes que pudesse ir até o local, notando que havia certa demora entre alguns que se dirigiam até lá, ouvia os guardas falarem que iriam para o intervalo, o destino parecia me guiar até o elixir da vida. “Dahahahahaha! Vambora!” Divaguei enquanto caminhava seguindo as instruções do prisioneiro até próximo a borda do rio, não sendo muito discreto e nem ligando também.

Notava alguns prisioneiros cochichando, mas não me importava. O que eu almejava, nesse exato momento, era encher o rabo de cachaça. ~ Aonde é que esta?! Buscava com os olhos até então encontrar a bebida e mandar gargalo abaixo. *glup-glup-glup-glup. ~ Ufaaaa!!! Soltava um suspiro de prazer ao sentir o gosto de merda, mas ao mesmo tempo saciado. ~ Como é que esses inúteis fizeram essa gororoba? Falei enquanto sentava no chão e bebia ainda mais.

De fato aquela bebida fermentada era uma água suja, mas pra quem agüentou as comidas que minha mulher fazia... certamente isso era fichinha. “Uahh, que saudade Atalanta.” Pensei, talvez sentindo um conforto por motivo da sutil embriaguez. Afinal de contas, era preciso muito, mas muita bebida para eu realmente ficar chapadão.

~ Pois bem! Eu to alimentado, descansado e saciado. Acho que posso dizer que foi uma breve estadia em um motel ruim. Dahahaha. Tá na hora de meter o pé daqui, a pergunta agora é... como diabos eu vou sair dessa pocilga?! Falava comigo mesmo, ignorando os outros presos caso estivessem me escutando. ~ Háh! Tive uma ideia! Erguia o dedo como uma espécie de epifania, expressando um sorriso diabólico. Então me levantava do chão ao tempo que esticava um pouco os músculos do corpo.

Havia aquele misterioso rio avermelhado, que instintivamente me alertava não ser uma boa idéia seguir por ele, por outro lado, saltar pelos muros era uma excelente opção; principalmente com a baixa segurança atual. ~ Vou me jogar por cima desses muros, é isso aí mesmo! Comentei enquanto movimentava um pouco o corpo aquecendo as articulações e musculatura. ~ VAMBORA!!! Gritei ao tempo que começava a posicionar o corpo e então explodir uma arrancada violenta ao tempo que pegaria mais impulso durante a corrida em direção aos muros com objetivo de tentar saltar, ou me jogar, com uma intensa debandada.


Usaria todos meu corpo, todo minha força, com propósito de pular por cima do muro. Entretanto, caso percebesse que seria um impulso insuficiente para saltar, alternaria minha escolha final para um salto em colisão com a finalidade de destruição total.

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