Mercado de Peles

Damon corria apressado, ainda abotoando sua camiseta de seu uniforme da marinha. Era seu primeiro dia de serviço, tinha sido colocado no grupo do Cabo Donattelo, mas na noite anterior se empolgou com seus estudos sobre engenharia e máquinas e acabou dormindo quando o dia já tinha iniciado.

“Como minha patrulha era só de noite, achei que não teria problema dormir aquele horário, mas quem diria que eu ia acordar tão em cima da hora! Me falaram que eles vieram por aqui, espero que encontre eles!”

Finalmente, seguindo as orientações que obteve, Damon viu ao longe o cabo Donatello e outra figura ao seu lado, outro aspirante enorme, esse outro com quem Damon já tinha simpatizado e conversado no alistamento.

“Então colocaram eu e o outro novato, Attila, juntos para essa primeira missão de patrulha! Bom isso é ótimo, pelo menos tenho alguém que eu conheço.”

- Senhor, Donattelo! Finalmente encontrei vocês! Peço perdão pelo atraso, senhor!

Damon fez uma reverência ao seu superior, mantendo-se curvado e esperando a resposta do homem.

Contagem de Posts: 01

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Muita coisa havia ocorrido num curto espaço de tempo. A chagada de Damon interrompia minha conversa com o Cabo Donatello. Sentia pela primeira vez nesse curto tempo de convívio com o mesmo que ele estava disposto a conversar. Eu achava quase que óbvio isso, ora, qual o homem que não se sente animado de falar dos seus sonhos? Os sonhos dos homens nunca têm fim!

— Verdade — comentei num pensamento falado, que talvez até pudesse ser considerado fora de contexto. Meus pensamentos haviam me pregado peças nesse instante. Indo contra àquele estranho homem que havia chegado junto a nós, a neblina que antes nos atingia se dissipava, de certa prova reforçando o que havia falado antes. — Logo o tempo passará... Com um tom sereno e grave, como de costume, reforcei a ideia que havia mencionado ao meu superior anteriormente. Era reconfortante imaginar e comprovar isso. Por mais que sua vida esteja passando por momentos sombrios, de completa tempestade, ou até um leve sereno, não se preocupe, tudo isso passará, exceto por aquele cigarro que havia sido aceso em sua frente.

— Senhor... — mesmo sabendo que era errado e iria contra as leis, pensei por um instante observar, reclamar ou chamar sua atenção — e talvez até ele percebera minha intenção — mas isso não fiz. Apenas tentei mudar de assunto, queria demonstrar que regras como aquelas que não alteravam nada o resultado da ação, não me incomodavam. — Permissão para falar! — acenei, como de costume, embora falaria ali sem esperar autorização. — Acredito que por ano, são quase 161.853 mortes anuais devido ao tabagismo. Ele é o terceiro fator de risco para anos de vida. Acredito que como marinheiros, oficiais — brevemente olhei para Damon — temos de dar o exemplo para a população, porém, respeito o senhor e a hierarquia. Mesmo não concordando, não irei reclamar ou coisa parecida.

No fim, não consegui deixar para lá. Por mais que soubesse que isso podia me causar problemas, até de convívio, aceitar o errado era algo complicado. Eu não conseguia entender como as pessoas aceitavam tão facilmente fazer algo errado, principalmente algo que viesse a causar problemas a si mesmo. Temendo qualquer debate a respeito, a proposta de encontrar algum local para ficar era válida. Não havia percebido que estávamos prestes a receber uma boa chuva, novamente.

— Concordo como senhor, será melhor se proteger da... — Antes mesmo que pudesse completar minha frase, aquele pedido de socorro, ao longe, tomou toda minha atenção. Certamente essa frase entrou para a lista de frases não terminadas, mas, convenhamos, prioridades. — Alguém está em perigo!

Tomado pelo calor heroico que abastecia meu peito, tentei manter minha atenção (teste de atenção) e identificar de onde viria esse pedido de socorro. O ressoar do meu coração, bombeando tanto sangue quanto uma baleia, era a trilha sonora para aquele momento. Enquanto tentava identificar a direção do barulho, tinha que ao menos tentar investigar algo aos arredores, algum sinal que pudesse nos ajudar (teste de investigação).

— Droga! Alguém tá pedindo socorro! — bradaria. Identificando ou não — de certa maneira — a direção de onde vinha aquela solicitação, eu buscaria ser o mais rápido (teste de atletismo) e direto em busca de mais informações, tanto por barulhos ouvidos, ou locais destinados. Não podia perder o controle naquele instante, alguém contava comigo. Tinha de respirar fundo e manter o autocontrole (teste de auto controle). — Damon, Senhor Cabo Donatello, solicito sua ajuda para encontrarmos de onde veio esse grito, por favor!

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Damon Ficava muito feliz que não levava uma bronca maior, mas sabia que era ótimo em enganar e como um perito na área social, já tinha alguns planos para safar sua pele, todos que não foram necessários.

A chuva o incomodava um pouco, principalmente devido a suas cicatrizes, que ficavam coçando sempre que o tempo estava para chuva. Pelo menos, o bonezinho de Marine ajudava aos pingos não caírem diretamente sobre sua face.

A missão estava tranquila, e Damon ficou quieto observando os dois companheiros, até a hora do grito.

“Um pedido de socorro… Puta merda, achei que íamos ter um dia tranquilo, parece que me equivoquei”

Seu parceiro Attila já partia para a ação tentando de toda forma identificar de onde vinha o sinal. Damon, por outro lado, ficou apenas observando. Não ia tomar uma atitude, apenas observar e ficar próximo de seus dois companheiros, afinal, era uma fraude em combate, tinha que tentar enganar a todos como se fosse muito foda.

- Conto com você nessa descoberta, Attila! Vou cuidar dos nossos arredores.

Damon fez uma reverência ao seu superior, mantendo-se curvado e esperando a resposta do homem.

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Damon ficava para trás propositalmente, junto de Donatello. Se ia ficar perto de alguém, obviamente seria do mais forte do local, afinal... Não iria sair por ai se arriscando com Atilla que era um fracote iniciante, assim como o próprio Damon.

Eu nem queria estar aqui para falar a verdade... Hoje é o lançamento do novo Chip EME UM da Grape... Tenho que estudar essa nova tecnologia para não ficar para trás, enquanto isso perco o tempo aqui... Puff... Não fosse pelo salário que me pagam eu nem estaria aqui...

Damon era inteligente. Um gênio, na verdade. E não passou batido que algo estava estranho com o cabo que os acompanhava.

Só tem uma coisa que eu posso fazer...

- Donatello... Você sabe porque eu tenho essas três cicatrizes, não?

Damon sabia que não tinha a menor chance de lutar, contra quem é que fosse. Não pretendia ter o cabo como seu inimigo, mas não o conhecia, e ele não parecia estar querendo agir rapidamente. Isso só podia significar que tinha algo errado. Caso esse algo errado fosse que ele era um cúmplice de algum crime ou algum tipo de vilão disfarçado, Damon tinha que se preparar.

- Eu matei com minhas próprias mãos um usuário da zoan do leão. Trocamos 1 golpe cada. Enquanto ele me deixou essas marcas de garras... Bom, digamos que a cabeça dele explodiu. Tem algo que você precise me dizer que eu não saiba?

Não era uma ameaça, e Damon com sua grande experiência em enganação não fez soar como isso, mas ao mesmo tempo, queria fazer com que essas palavras elevassem a mente de seu superior a um estado em que ficaria recesso de fazer algo contra Damon.

- Melhor apressarmos o passo, não acha? Pode ser que algo urgente esteja acontecendo...

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O superior Donatello havia me auxiliado a encontrar o destino correto, o que não demorou muito. Por mais que muitos outros atributos me faltassem — sim, poderia ser mais crítico a mim mesmo do que você esperava — modéstias à parte, fisicamente eu era quase que impecável, parte disso dos diversos tipos de trabalho que tive durante minha vida.

— Com licença, senhores! — falei, num tom sério e alto, ao chegar no local e avistar tal cena. Talvez a abordagem direta não fosse a mais adequada naquele momento, mas o misto de senso de justiça, tanto quanto a adrenalina do perigo iminente me fez agir de tal forma — o qual não via problema algum fazer.  — Algum de vocês solicitou socorro, juro que ouvi algo vindo exatamente daqui! — afirmei com um tom grave, calmo, todavia, sério, transparecendo minha seriedade perante a necessidade de alguém.

Talvez isso parecesse até um pouco intimidante, talvez até sem pensar tivera sido, porém, de início, a imagem que chegava até à minha visão era de dois sujeitos, claramente suspeitos, trajando vestes que dificultavam minha identificação de suas faces, tentando segurar outro indivíduo que, claramente, estava em menor número.

— Inicialmente peço que ambos se afastem e retirem as vestes que cobrem seus rostos para que possa identifica-los, principalmente vocês dois — voltei minha face aos encapuzados. Olhei seriamente enquanto caminhava lentamente em direção ao ocorrido. — Antes de tudo, prezo pelo respeito físico de todo e qualquer ser, então, legalmente, eu peço que soltem a face do terceiro indivíduo, entendido? Aquela cena me incomodou. Não sabia o que tinha acontecido, como tinha acontecido, saberia de tudo isso futuramente, claro, mas prontamente, havia sim me incomodado o que havia visto.

— Legalmente, eu posso solicitá-los que façam isso, mas — pausei, propositalmente. — Se vocês não cooperarem, eu posso fazer ações que impliquem a problemas para mim, e, consequentemente, problemas para vocês também, entendido? — com calma, tentaria abusar um pouco do quão intimidador as pessoas afirmavam que eu era para, calmamente, resolver aquela situação. — E agora, vamos ao que interessa. O que está acontecendo aqui?

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Isso tudo não me cheirava nada bem e da ânsia do meu ser, queria estar me referindo ao local onde estávamos. Infelizmente, não seria isso. Eu deveria conhecer quem seria Don Gruyerano Gambino? Provavelmente. Para eles o tomarem como referência de aviso, certamente eu deveria conhece-lo. Mas além dessa incógnita, não fazia ideia, todavia, só de imaginar o tipo de negócio que esse sujeito podia organizar, me incomodava profundamente. Se aquela cena — em primeira vista — era algo comum para essa gente, isso já me soava totalmente errado — e sem perceber, meu punho lentamente cerrava-se.

— Senhores, talvez vocês tenham razão — meu tom de voz sério e contundente demonstrava que eu estava totalmente focado naqueles dois desconhecidos. — Meu colega pode ter argumentado com vocês, meu superior pode ter indicado para deixarmos isso pra lá — voltei meu olhar para Donatello — Porém, Attila Colossimus Shieldguard não deixa um pedido de socorro para lá. Vocês me entendem, não é mesmo? Vocês sabem como o grande Attila resolve as coisas? Primeiramente — erguendo meu indicador, demonstraria o símbolo de “um” com meu dedo. — Attila tenta conversar com vocês, como a abordagem corriqueira. Quando não funciona, Attila pega essa mesma abordagem e eleva ao topo no grau de importância, sabe por que?

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Lentamente ergueria o mesmo dedo que estava usando para simbolizar o processo feito anteriormente e levaria até ao topo, fitando com meu olhar. — Por que a Justiça está acima de tudo e — voltando meu olhar, exasperado, para os sujeitos — acima de todos! Não tinha qualquer objetivo diferente de intimidá-los, mostrando o quão errados estavam em descumprir as regras estabelecidas.

Uma das vozes havia sido mais aguda que o comum, talvez fosse uma dama, esse motivo me faria hesitar naquele instante de atingi-los diretamente. Flexionando minhas panturrilhas, tentaria usar do meu ápice físico momentâneo para chegar até onde a dupla estava o mais rápido possível. Estando próximo o bastante, inicialmente puxaria seus capuzes para frente, visando atrapalhar suas visões e, posteriormente, os afastaria da garota. Não queria agredi-los, apenas, forçadamente, afastá-los para enfim tentar entender o que estaria acontecendo ali. — Agora podemos conversar com mais clareza, certo? Com uma de minhas mãos eu tentaria segurar a coelha e não a largaria em hipótese alguma.

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Don Gruyerano Gambino... Parece que a excitação de Donatello era por um bom motivo, ele sabia o que estava acontecendo aqui... Mas agora... Eu me pergunto... Ele está errado?

Damon olhou novamente para aquela criatura. Por qualquer ângulo que olhasse, aquilo não era um humano. Por outro lado, os homens que a seguravam pareciam ser conhecidos de Donattelo, e ao mesmo tempo... Eram humanos. Só isso já bastava para que Damon entendesse o lado pelo qual deveria lutar. Nunca iria ficar ao lado de um monstro e ir contra seres de sua própria espécie. Não sem uma análise detalhada. A asma lhe fazia não conseguir colocar as palavras para fora, e Atilla começava seu discurso de valentão.

Porra, mas que merda... Nós nem temos informações sobre o que está acontecendo e nosso superior imediato ordenou que não façamos nada...

Finalmente, recobrando o fôlego, Damon tentou intervir.

- Não, Atilla! Não vê que eles capturaram um monstro? Nosso superior ordenou e para nós essa palavra é lei. Vamos voltar a nossas atividades e confiar no processo da marinha. Se estamos sob a supervisão de Donatello não nos cabe desobedecer suas decisões!

"A verdade é que mesmo se estiver certo, Atilla, eu não vou te ajudar e entrar numa batalha... Ainda mais pra salvar um monstro desses... Eu sou uma fraude, eles não podem descobrir."

Com seu discurso, Damon tentaria convencer Atilla a ficar mais tranquilo e, dizendo isso,  olharia para Donatello, ficando atrás do mesmo em sua postura intimidante.

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Eu havia calculado mal a situação. Normalmente eu conseguiria realizar essa ação acrobática — embora não achei que seriam necessárias tantas acrobacias — mas aquele terreno havia prejudicado minha tentativa. Queria estar com todas as partes envolvidas próximas a mim para averiguar o que de fato havia acontecido, porém, naquele momento era impossível. — Oh — comentei ao ver a criatura escalando aquela parede tão habilmente. Ela era de fato perita nisso, todavia não era momento para isso, tinha assuntos indelicados a tratar.

— Entendo, então vocês estão me desrespeitando por interferir nos negócios de Gruyerano Gambino — indiferentemente prosseguiria minha reflexão. — O Desacato é considerado crime pelo Código Penal Marinheiro, segundo o qual dispõe que: "desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela têm uma detenção, de seis meses a dois anos”. Estão cientes e certos de prosseguir dessa maneira?

Eu não via nenhum aspecto para temer em relação a tudo que acontecia ali. Nunca havia tido medo da morte, e ali não seria diferente. A morte era uma companheira próxima quando você nasce na pobreza, ou se aproxima dela. Enfim havia encontrado meu caminho, o meu objetivo e se fosse para morrer perante isso, faria de peito aberto, pronto para cumprir meu propósito. — Você tem certeza que pretende isso? — fitaria o atirador com meu olhar, sério. — Se você cooperar, eu te garanto que farei o máximo para você não ter uma pena tão grande. Solte sua arma no solo, a minha frente, vire-se e coloque ambas mãos na parede. Certo?

De início, tentaria uma abordagem mais diplomata, tentando amenizar a tensão — uma vez que a criatura já havia partido. A meliante já estava em minha posse e não faria questão de soltá-la, pelo contrário, nesse instante, usaria da minha pujança para cerrar os punhos da bela dama que havia optado pelo caminho errado em sua vida, daria um leve golpe para ajoelhá-la e a colocaria ao meu lado — ainda segurando seus braços.

Entretanto, se ambos não cooperassem, aí teria que utilizar uma interpelação mais inibitiva. Mais uma vez apelaria para uma breve intimidação. — Se vocês, senhores, optarem por continuar nessa confusão toda, aí teremos que apelar para medidas mais atemorizadoras, até para mim. Eu já convivi com a morte, lado a lado, então não a temo. Se vocês não sofrerem agora, chegará o momento que serão descartados e lembrarão que ofereci uma oportunidade de se salvarem. É isso que desejam? — ressaltei com um tom sério, grave e pavoroso.

Num último caso, se conversar não fosse suficiente, partiria para mais um confronto físico. Utilizando minha robustez, arremessaria a mulher na direção do seu parceiro, buscando desestabilizá-lo e, em seguida, usaria do meu corpanzil para golpeá-los com meu ombro num movimento de “tackle” — onde buscaria pressioná-los contra a parede.

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