[Flashback] Piratas da La Gorda
Ineel
Pirata
| Dom A. Ineel |
Vitalidade: 4/4
Energia: 3/3
Espirito: 4/4
O som das ondas revoltas e a chuva torrencial que caía do céu cinzento misturavam-se com o estrondo dos canhões e o grito dos homens no convés. As águas estavam agitadas, refletindo o caos da batalha que se desenrolava ao redor. Era um cenário de pura selvageria, onde a fúria do mar se unia à fúria dos homens.
Em meio a essa tempestade de aço e trovões, Ineel lembrava-se vividamente daquela fatídica noite perto da costa de Las Camps. O céu escuro era rasgado por relâmpagos que iluminavam brevemente o cenário, revelando dois navios da Marinha aproximando-se rapidamente, suas velas brancas ensopadas e suas bandeiras de justiça tremulavam furiosamente contra o vento cortante.
O navio de Ineel, desgastado pelas batalhas anteriores, balançava violentamente ao sabor das ondas. La Gorda, a experiente capitã, comandava sua tripulação com uma mistura de gritos e ordens enquanto o confronto se intensificava. Seus olhos brilhavam com fervor, inspirando seus homens e o próprio aspirante a pirata envolvido no meio de todo aquele confronto, ela fazia sinais rápidos para os artilheiros, ordenando tiros de canhão em resposta às investidas dos navios inimigos.
— Preparar para a abordagem! — Alertou La Gorda, num breve momento em que um dos navios nos alcançara ao ponto de lançarem cordas e ganchos sobre nós.
Ineel estava no meio do tumulto, lutando para manter o equilíbrio no convés escorregadio. A água da chuva misturava-se com o sangue dos atingidos por estilhaços de madeira, e a união com os restos de pólvora dos mosquetes criava uma lama escura sob seus pés. Com a espada em uma mão e uma pistola na outra, ele desferia golpes e tiros contra os marinheiros que tentavam abordar o navio. A visão era limitada pela escuridão e pela cortina densa de chuva, mas a adrenalina corria em suas veias, aguçando seus sentidos.
Os canhões rugiam, arremessando bolas de ferro que se chocavam contra as tábuas dos navios, levantando fragmentos de madeira e metal. A tripulação de Ineel respondia com fúria, lançando tiros e flechas flamejantes contra os navios da Marinha. Porém, era uma luta desigual; os navios inimigos eram maiores, mais novos e em maior número.
Ineel podia sentir o navio tremendo sob seus pés, como uma fera ferida. As ondas batiam contra o casco, enquanto a tempestade não dava sinais de trégua. A cada minuto que passava, a situação tornava-se mais desesperadora. Os marinheiros da Marinha, bem treinados e disciplinados, cercavam o navio pirata por todos os lados.
Contador de palavras: 415
Ineel
Pirata
| Dom A. Ineel |
Vitalidade: 4/4
Energia: 3/3
Espirito: 4/4
Foi então que Ineel viu, como se o tempo tivesse desacelerado, uma bola de canhão atingindo o mastro principal. A madeira estalou e se partiu com um estrondo ensurdecedor, enquanto o mastro caía em direção ao convés. A tripulação correu para se desviar dos destroços, mas a confusão era total. La Gorda, em meio à chuva e ao caos, gritou ordens para tentar manter o controle da situação, mas o desespero estava estampado em seu rosto.
Aquele foi o momento em que Ineel percebeu a gravidade da situação. Com o navio seriamente danificado e cercado, não havia como escapar. A última imagem que ele tinha de La Gorda era a de uma figura resoluta, determinada a lutar até o fim. Ela estava posicionada ao lado do timão, empunhando uma espada e uma pistola, enquanto as águas açoitavam o navio e seus homens caiam um a um.
E então, tudo se desmoronou. Um último estrondo ensurdecedor e uma explosão de fogo marcaram o fim, como provável resultado de terem sido atingidos no paiol. Ineel foi arremessado ao chão, sua visão escureceu-se com o impacto. A última coisa que viu antes de perder a consciência foi La Gorda sendo atingida por uma bola de canhão, arremessada ao mar sem misericórdia.
No entanto, o aspirante a pirata estava com sorte, uma visão aterradora surgiu diante de todos: uma enorme tromba d'água começou a se formar no horizonte. Como uma serpente de água retorcendo-se furiosamente, ela crescia e girava, criando uma coluna poderosa que ligava o céu nublado às profundezas escuras do oceano.
A tromba d'água avançava rapidamente, sugando a água do mar e formando um redemoinho. Os navios inimigos também foram pegos de surpresa, seus tripulantes gritaram em pânico enquanto tentavam desesperadamente manobrar para escapar do desastre iminente.
Mas o mar não se importa com o destino dos homens. A força da natureza se mostrou indiferente. A tromba d'água se abateu sobre os navios como uma mão gigantesca, puxando-os para sua espiral de destruição. Aqueles a bordo dos navios sentiram suas embarcações serem sacudidas violentamente, os conveses inclinaram-se perigosamente enquanto a água engolfava tudo ao seu redor.
Os navios começaram a se chocar uns contra os outros, como brinquedos nas mãos de uma criança caprichosa. As embarcações de madeira rangeram e se quebraram, misturando-se em uma massa confusa de destroços. As ondas batiam com força, submergindo os navios e arrastando-os para baixo, rumo ao fundo do mar.
Contador de palavras: 410
Ineel
Pirata
| Dom A. Ineel |
Vitalidade: 4/4
Energia: 3/3
Espirito: 4/4
O aspirante a pirata acordou com uma sensação de desconforto e dor. A luz do sol, que atravessava suas pálpebras fechadas, o fez franzir o rosto, enquanto o som distante das ondas quebrando suavemente na praia o envolvia. Com um gemido de exaustão, ele abriu os olhos, piscando contra a claridade. Ao tentar se levantar, sentiu os músculos doloridos e a cabeça pesada. Estava deitado nas areias brancas e finas do Porto de Marfim, um lugar que ele conhecia apenas por histórias e de terceiros.
A brisa salgada do mar acariciava seu rosto, e o aroma familiar da água salgada enchia o ar. A areia fria e úmida aderira às suas roupas, que estavam sujas e rasgadas. Em volta dele, pedaços de madeira e outros detritos dos naufrágios recentes estavam espalhados pela praia, trazidos pela maré alta. Entre os destroços, via-se o que restava de barcos despedaçados, velas rasgadas e fragmentos de vida marítima.
Ineel levantou-se com dificuldade, apoiando-se em um pedaço de madeira flutuante. Ele estava desidratado e com sede, a boca seca e o gosto salgado da água do mar ainda persistente em seus lábios. A dor de cabeça pulsava em suas têmporas, tornando difícil pensar com clareza. Ele passou a mão pelo rosto, sentindo a aspereza da barba por fazer e o cansaço que marcava seus olhos.
Com um suspiro, o homem começou a andar pela praia, seus pés afundavam na areia macia a cada passo. Ele procurava algo, qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a aliviar a secura em sua garganta. A sede era avassaladora, uma necessidade primal que superava qualquer outra preocupação. E então, entre os detritos, algo chamou sua atenção. Um reflexo de vidro, meio enterrado na areia, cintilou à luz do sol.
Apressando-se, ele se ajoelhou e puxou o objeto da areia. Era uma garrafa de rum, parcialmente coberta de areia, mas ainda inteira. O coração do náufrago acelerou com uma esperança renovada. Ele esfregou a garrafa contra a manga de sua camisa, limpando a areia e o sal acumulados no vidro. Com uma expressão de alívio, desenroscou a tampa e levou a boca da garrafa aos lábios.
Porém, ao inclinar a garrafa, não sentiu o líquido fluir. Ele balançou a garrafa com mais força, mas nada aconteceu. Frustrado, Ineel olhou dentro da garrafa e, para sua decepção, encontrou apenas uma pequena mancha do líquido âmbar no fundo. Nenhuma gota de rum restara para saciar sua sede.
Contador de palavras: 408