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[Aventura] Inferno Pálido

4 participantes
Imu-Sama

Narrador

Seg Jul 22, 2024 7:35 pm



Inferno Pálido ─ 01

Vila Velha.

A primeira cidade de Porto Mandari, com uma rica história e povo sofrido, mas extremamente guerreiro, hoje, vivia a sombra do que já fora um dia. Muitos apelidaram-na de cidade fantasma e, não era para menos, ao seu redor, havia quase uma centena de casébres de madeira e barro construídas, mas sem uma alma viva em seu interior. Talvez, procurando corretamente, poderia encontrar três ou quatro famílias - extremamente desnutridas e sem perspectiva de vida, naquele lugar.

No centro da cidade, era possível ver alguns burros de carga próximo de uma construção um pouco maior do que as outras ao seu redor, mas igualmente velha e acabada. Aquele era o mercado, que também servia como uma espécie de bar de terceira categoria. Não estava lotado, muito menos tinha provisões o suficiente para manter todas aquelas pessoas - mas pelo menos, uma boa e velha cachaça você poderia encontrar, se fosse de seu gosto.

Quanto a você? Desde sua partida das garras do maldito caranguejo, estava perdido. Seu objetivo, ao menos inicial, era sair daquele lugar o mais rápido possível. Seus passos, cedo ou tarde, levaram-no até aquela construção e, por ventura, acabou por ser acolhido por um povo que sofreu tão igualmente quanto você. Todas aquelas pessoas tinham histórias muito semelhante e, por isso, ajudavam-se em momentos de dificuldade como aquela.

Antônio, o dono do estabelecimento - um senhor pançudo e de sorriso fácil, cobriu-o mais de uma vez quando os malditos homens de Crab procuraram-no e, até aquele breve momento, usava um quarto cedido pelo senhor. O lugar era pequeno. Não tinha cama ou colchão, o que já era esperado. O senhor deu a você apenas um travesseiro e uma manta para que pudesse descansar, mas rapidamente, ajudou-lhe a prender uma rede por ali, onde poderia dormir com um pouco mais de tranquilidade.

Fora também esse mesmo senhor que contou a ti sobre as façanhas e lendas sobre Lampião e seu grupo de capangas. Agora, dias após a sua fuga, esperava desesperadamente juntar-se a eles e, dar o troco ao desgraçado que mantivera-o como escravo durante tanto tempo.

[...]

É cedo. Cerca de seis horas da manhã.

O calor já é intenso e se sente como se estivesse sendo cozinhado vivo. É claro, já estava acostumado com aquela temperatura árida e a vida difícil de um escravo, mas agora, preso em seus pensamentos, podia sentir algo além de raiva por Crab. Sentir a sua própria vida.

Sabia que alguns marinheiros haviam sido comprados para que continuassem a procura-lo e, por isso, junto a bondade de Seu Tonho, continuou por ali, ao invés de simplesmente seguir à dentro do deserto. Mas também sabia que cedo ou tarde, seguiria seu caminho. Só não sabia que aquilo ocorreria tão cedo.

O silêncio em seu quarto é quebrado com batidas aceleradas em sua porta. Se decidisse abrir, encararia um Antônio visivelmente preocupado. Algo havia acontecido e, querendo ou não, sabia que tinha haver com o que pensava até brevemente.

Sei que num é a mió hora pra eu tá por aqui, Kohei, mas as coisa tá ficando ruim pro seu lado
Eu preparei milho e ovo pra comer no café. Sai quando tiver pronto. Precisamo conversar

Imu-Sama


flare

Pirata

Ter Jul 23, 2024 11:22 pm

Passou um tempo em Vila Velha depois da fuga.

Sua primeira impressão foi forte o suficiente para afastar o pensamento que o dominava até ali: e se tivessem punido a seu tio pela fuga? O lugar estava morto, casas decrépitas desabitadas, como se a mensagem fosse de que não havia vida além dos domínios do barão — e que era melhor vivê-la, por mais dura que fosse, à se renegar no deserto. Pensamento passageiro, sua opinião era outra, se fosse tão conformado ainda estaria trabalhando nas fazendas.

Em busca de uma casa ainda em bom estado para passar a noite, acabou descobrindo que havia famílias vivendo ali. O aspecto delas, imitava o resto da paisagem. Linhas finas seguravam a vida em Vila Velha. Caminhou até o que descobriu ser o centro, encontrando o bar. A hospitalidade de Antônio serviu para renovar os ânimos de Kohei, um quarto, uma rede e um pouco de cumplicidade, além de alimentá-lo com histórias do Lampião. Saber que outros além dele escolheram se levantar contra o barão fortaleceu sua determinação, subitamente a tarefa deixou de parecer impossível, tornando-se apenas quase impossível.

[...]

Kohei passou a noite em claro, se contorcendo, expectativa e medo tomando conta. Por mais estranho que parecesse, sentia falta da rotina, saber exatamente o que esperar do despertar até a hora de dormir, ter com quem conversar banalidades — era essa a vida de quem escolhia ir contra o barão, solidão e incertezas?

Bobagem. Antônio, contra todos os riscos, ainda o mantinha ali. Kohei imaginava que ele o manteria por quanto tempo fosse necessário.

Batidas na porta serviram para deixar de lado os pensamentos. Os sentidos alerta da noite passada em claro quase o fizeram saltar da rede pro chão. Prontamente abriu a porta, encontrando a preocupação de seu anfitrião. Assim que o ouviu passou para fora do quarto, uma perna de cada vez e depois fechou a porta atrás de si. Apesar do bem vindo descanso na rede, seu corpo de proporções nada modestas agradeceu ter saído de tão pequeno espaço.

"Meu café pode esperar, se é algo que te preocupa", respondeu com uma expressão séria. Só comeria depois de escutar Antônio. Se houvesse como retribuir sua hospitalidade, o faria antes de partir.

Vitalidade: Saudável [6/6]
Energia: Descansado [3/3]
Espírito: Confiante [4/4]

Vício: 0/5

Considerar:
flare


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Liezi

Administrador

Ter Jul 23, 2024 11:22 pm

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Liezi


Imu-Sama

Narrador

Qua Jul 24, 2024 7:29 pm



Inferno Pálido ─ 02


Os capatais... foram atrás docê' de novo, fi ─ A voz de Antônio parecia embargada em preocupação e medo.
Sabia que ele, como todos os outros fora das terras de Crab, não temiam o barão propriamente, uma vez que a maioria destes ou eram fugitivos da lei, ou simplesmente sequer tiveram suas vidas compradas por uma casa melhor. Diferente de você, que praticamente nasceu escravo, Antônio vivera uma vida de liberdade até aquele momento.

E, o que de fato temia era que, sua recém liberdade fosse tomada.
Nóis precisa achar um canto melhor procê
Não sei. Um casebre perto do deserto. Ou qualquer outra coisa. ─ Ele continuava, tentando pensar na melhor oportunidade.

Ou... ─ Ele afastou aquele pensamento intrusivo com um balançar de cabeça e um sorriso bobo, mas se o pressionasse, mesmo que pouco, ele soltaria:
Ocê podia ir com os outros, pro deserto

Oia, tem mais gente como ocê.
Que fugiram das garras do caranguejo. Em grupo, vocês poderiam vencer as dificuldades do deserto
Eu mesmo podia arrumar um pouco de água e comida procê ─ Antônio parecia mais empolgado do que você, com a sua provavel aventura que poderia dar início em breve.


Imu-Sama


flare

Pirata

Sex Jul 26, 2024 2:04 pm

Kohei desejava levar a luta até o barão o quanto antes, deixar de fugir. Pesou as palavras de Antônio com atenção e percebeu que nenhuma daquelas alternativas o agradava.

"Agradeço sua ajuda até aqui, agradeço mesmo, mas pular de lugar em lugar não é o que quero. Preciso lutar e achar outros que queiram fazer o mesmo."

A isso, Antônio disse o que tanto queria ouvir. Kohei abriu um grande sorriso, talvez o mais sincero de sua vida.

"Pode falar mais sobre eles enquanto tomo o café? Quero partir o quanto antes" , perguntou, se adiantando para a mesa, visivelmente animado.

Vitalidade: Saudável [6/6]
Energia: Descansado [3/3]
Espírito: Confiante [4/4]

Vício: 1/5

Considerar:
flare


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Imu-Sama

Narrador

Sex Jul 26, 2024 4:33 pm



Inferno Pálido ─ 03

Antônio embora preocupado, parecia satisfeito com a sua resposta e determinação.
Afinal de contas, todos os moradores de Vila Velha sabiam o valor de sua própria liberdade, uma vez que todos eram espectadores do maldito 'show' de Crab e seus capangas.  ─ Cêis' vão sair a noite ─ Ele começava a explicar, puxando uma cadeira velha de madeira para o seu lado, enquanto acompanhava-o tomar o seu café da manhã

As explicações vinham de maneira agitada e quase eufórica.
Têm pelo menos cinco docêis. Que quer sair dessa labuta. Hoje é o dia do encontro

Alguma descrição era dada por Antônio quanto aos que iriam com você. Ao menos, o que sabia por enquanto. Quanto ao plano, tudo era muito nebuloso e não parecia haver um cabeça por de trás do que fariam. Sairiam durante a noite, aproveitando da escuridão e o frio do deserto para que pudessem despistar qualquer um que pudesse entrar no caminho do grupo. E então, chegariam ao deserto. O objetivo era alcançar a caravana, o Grupo de Ladrões, de Lampião.

Mas no deserto, seria cada um por si.

Antônio aproveitou o período em que estavam juntos para que pudesse guardar numa bolsa suas provisões necessárias, isto é, água, pão e algumas frutas - que certamente deveria ser comido nas primeiras horas. Era suficiente para sobreviver ao menos as três primeiras noites. Além de claro, uma roupa um pouco mais pesada, muito utilizada por andarilhos do deserto. Afinal, embora conhecido como um Inferno Escaldante, a noite, seu nome mudava drasticamente para: Inferno Pálido. Um lugar gelado e tão inóspito quanto.

[...]

O dia passou. Talvez ajudasse o senhor que por tanto tempo acolheu-o, mas no fim, o mesmo lhe dera um abraço apertado e com os olhos chorosos, olhou-o com uma expressão de ternura quase inexplicável. Em algum momento, talvez, descobriria que fora dessa mesma forma que Antônio despediu-se de eu filho: para o deserto. E, há pelo menos 10 anos, não havia qualquer notícia do mesmo.

Fique bem, meu fi. Vô tá rezando por cada um de vocês ─ Despediu-se.

Mas, finalmente era a hora onde se reuniriam.
O bar de Antônio havia sido escolhido como ponto de encontro. Já passava das 09:00 PM naquele momento e os primeiros que enfrentariam o deserto começavam a chegar.
Dentre eles, estava Amakusa.

O que cada um de vocês sentiam naquela situação?
Imu-Sama


Nightmare

Pirata

Sex Jul 26, 2024 4:48 pm

A vida era dura em Vila Velha, e já estava na hora de partir.

Os últimos meses serviram de preparo para a viagem que se iniciaria hoje. Havia me preparado com mantimentos, uma roupa adequada que me protegeria tanto do sol tenebroso quanto do frio aterrorizante que vinha com as noites no deserto.

Minha roupa era uma capa marrom com capuz por cima de uma camisa e calças pretas, e nas costas prendia um arco e flecha simplório junto com a mochila com os mantimentos.

Havia combinado com um grupo com o mesmo objetivo: sair de Vila Velha e encontrar o bando de lampião. O local marcado era o bar de Antônio, e às 9:00am prontifiquei-me em frente ao estabelecimento.

O capuz estava ajustado na cabeça, projetando uma sombra sobre meus olhos, respirei fundo e segurei a cruz dourada que carregava como pingente de um colar no pescoço. Soltei a cruz e adentrei o bar empurrando um das portas com sutileza.

Olhei ao redor procurando por alguém que me recepcionasse, pois não anunciaria o motivo de minha vinda a qualquer um. Não sabia em quem confiar.

Vitalidade: [4/4]
Energia: [5/5]
Espírito: [4/4]

Vício: 1/5
Spoiler:
Nightmare


flare

Pirata

Sáb Jul 27, 2024 12:54 am

Kohei engoliu seu café da manhã, usando o tempo que sobrou, enquanto Antônio ainda lhe contava o que sabia, para limpar a boca e o seu colo do que havia caído do café da manhã. Pôde perceber que o homem estava tão ansioso quanto ele.

Embora tenha prestado atenção em tudo que foi dito, descartou a descrição dos outros viajantes assim que Antônio terminou de falar — de que valeria saber de quem iria com ele se no fim o que importava era se seriam capazes de chegar ao destino? No máximo supôs que seria prudente se atentar a algum rosto familiar, mas até então a perseguição pelos homens do barão tinha recorrido a métodos mais simples do que infiltrar alguém numa comitiva. Claro, faria o possível para manter todos juntos e protegidos até o final, tinha esse senso de cuidar dos que estavam ao seu alcance, mas também saberia machucar se fosse preciso.

Recebeu a bolsa com os suprimentos para viagem. Viu água, pães e frutas, certificando-se de deixar as frutas em cima e logo abaixo misturados pão e água, numa ordem que deixaria tudo mais rápido quando precisar reabastecer o corpo.

O dia correu até a noite.

No momento da despedida, sentiu como se em outra vida Antônio pudesse ter sido um familiar, tão emotivo estava com sua partida. Faltaram palavras para dizer ao velho, ou melhor, foi incapaz de escolher boas o suficiente para o momento. "Obrigado",  disse ao fim do abraço, terminando de vestir suas roupas para enfrentar a dureza do deserto noturno.

Foi para a frente do bar esperar os demais. Kohei pareceria um fantasma (o capuz da armadura contra as intempéries do deserto cobrindo a cabeça, as sombras ocultando o rosto e sua figura alta e de ombros largos) não fosse por estar tão nitidamente impaciente, batendo um dos pés e tamborilando os dedos através do queixo, do peito e em outras partes do corpo enquanto trocava as mãos de posição a cada segundo. Sentia-se assim sempre que precisava fazer algo diferente de lutar — sua força de nada servia em momentos de tensão. Naquela viagem precisava provar para si mesmo ser mais do que um lutador.

Se todos tivessem chegado, partiria imediatamente com um "é melhor não perdemos tempo" em volume para todos escutarem.

Vitalidade: Saudável [6/6]
Energia: Descansado [3/3]
Espírito: Confiante [4/4]

Vício: 2/5

Considerar:
flare


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Imu-Sama

Narrador

Dom Jul 28, 2024 9:15 am



Inferno Pálido ─ 04

Um grupo de sete homens juntaram-se a vocês, totalizando nove que enfrentariam o temível deserto.

Apesar de alguns destes permanecerem em grupos menores, era quase tátil que seguiriam para o mesmo fim por um motivo simples e entendível: cada um carregava suas próprias provisões, e roupas para o que estivesse a espera. Kohei fora o primeiro a quebrar o silêncio. Sua voz transparecia um misto entre pressa, ansiedade e determinação. Muitos levantaram-se de seus assentos, aproximando-se.

São todos? ─ Um outro, tão grande quanto Kohei, aproximou-se. Ele vestia uma túnica que cobria todo o seu corpo. Ele olhava ao redor, contabilizando rapidamente o número de pessoas. Seu olhar se focou em alguém que parecia distoar do restante. Amakusa era alguém de aparência bem menos sofrida, embora tivesse vivido sua vida toda em Vila Velha. Mas, de certa forma, não parecia alguém que estava destinado a ir para o Inferno. Não, de forma alguma.  ─ Até você, garoto? ─ Nesse momento, o grande homem tirou o capuz que cobria seu rosto.

Aquele era um homem vivido. Cabelos grisalhos, corpo parrudo e repleto de cicatrizes. Dentre as mais visíveis, estava uma em sua testa, descendo até os olhos. Olhos estes, em um tom vermelho rubro chamativo.

Sou Kars ─ Ele se denominou, oferecendo um aperto de mão para quem desejasse o fazer. Não parecia temer qualquer um por ali.

Creio que seja melhor andarmos rápido. ─ Ele finalizou, virando-se enquanto tomava a frente do grupo e andava rapidamente em direção para o lado de fora do bar. Muitos o seguiam para fora. E quanto a vocês?
Imu-Sama


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