[Flashback] No Sword.

O céu da noite estava apenas começando com seu prelúdio. É possível ver o sol indo embora e a lua tomando conta do lugar. As nuvens, as construções em estilo oriental. Era alguma cidade pequena, e o início da noite deixava tudo mais iluminado, enigmático e de certo modo, era como um guia na escuridão.  Isso porque em uma cidade escura, essas luzes acessas dentro de uma espécie de quadrados brilhantes ao longo das ruas e casas eram as guias dos viajantes errantes, dos perdidos e dos vagantes, nômades, sem casa ou sem espadas. Mas entre o emaranhado de obstáculos e muralhas, havia um ser vivo.

A criatura baixa estatura do sexo feminino se moveu e saltou no ar, pousando no outro lado e perdendo altitude até pousar sobre um pano de feno feito para barracas ao ar livre, que naquele momento, estava fechada. Com um leve salto, Nezha segurou a própria mão na beirada do pano, usando como amortecedor e pousando finalmente sobre o solo onde havia pequenas gramas e arbustos menores. Era questão de tempo até que pudesse estar então, andejando por aí. Seguindo sua caminhada, ela colocou uma das mãos nos bolsos enquanto que com a destra, erguia a garrafa de Sakê cheio, jogando em direção aos lábios.

O frescor. A sensação do líquido alcoólico escorrendo entre os lábios era o motivo da alegria da garota naquele momento. Com certeza ela era o tipo de pessoa que não se considerava um herói, uma vez que preferia dividir sua cerveja com ninguém e degustar tudo sozinha. Quem sabe ela fosse até mesmo egoísta, se tratando de um pensamento e desejo simplório na vista de outras pessoas. Mas isso não importava muito afinal, certo? Makara não parecia se importar com muitas coisas em sua vida. Parecia meio desligada em alguns momentos.

Aquela cidadezinha era um ponto entre as províncias da Nação de Kano. Existiam tantas outras em um território tão grande. A garota monolha parou por alguns momentos antes de observar o céu. “Vai chover em breve. O cheiro, a umidade do ar, a velocidade do vento está ficando maior. Em breve, o nível pluviométrico também irá subir bastante.” Pensou. Em seguida, espirrou. Sua expressão se fechou por alguns momentos antes de voltar á posição neutra, e começou a caminhar novamente. Uma gorgolada lá, uma gorgolada acolá, e ela seguia a sua dança na caminhada mais simples. Foi quando ela notou que a cidade parecia mais movimentada à noite do que durante o dia. Aquela era a Cidade de Tizu. Conhecida como cidade da noite, e não era atoa afinal.

Nezha continuou andando, observando os costumes daquele povo. Vestidos com seus kimonos, as pessoas continuavam a fazer compras e conversar, soltar aquelas lamparinas de papel luminoso no céu. Talvez fosse o emanar dos desejos daquelas pessoas. Ajustando o graveto longo que jazis em sua costa, Nezha exibiu um pequeno sorriso e fechou a cara, voltando a andar pelo resto do caminho. Ali naquela pequena cidade, existia uma subida onde essas mesmas lamparinas vistas anteriormente, iluminavam o caminho da subida em meio aos pedregulhos e solo íngreme que auxiliado por pequenas barras, subiam para a saída da cidade. Já estava de noite.

Chegando no alto da encosta, Nezha olhou para trás novamente e viu aquela cidade, que não tinha muito, mas, que apoiada na simplicidade, era um espetáculo. Um espetáculo que deveria ser deixado para trás. A garota espadachim deixou aquela bela vista para trás, seguindo o seu rumo novamente. O capim na boca, o kimono e o estilo em que caminhava, calma e bastante introspectiva de si mesma, revelavam-na como uma espadachim nata. O único problema talvez fosse, se olhassem pelos miúdos, era o dedo indicador batendo constantemente no graveto, indicando seu extravasar de energia. A garota tinha a famosa hiperatividade.

Seguindo seu caminho, ela se viu sozinha novamente na estradinha que passava perto de uma praia. Observou as pedras, as ondas e uma ausência de atividade humana por aí. Era só a água, o mar, as pedras, a areia. A adolescente cruzou os braços sobre o peito, de modo a observar as ondas quebrando ao longe sobre a luz do luar. Estava bem mais frio do que na cidade, que era mais aconchegante e quente. O vento zunia ao passo que os fios púrpuras da jovem dançavam conforme a velocidade do vento. Como era bom, como era bom.

Ela poderia tomar um banho, mas sabia que ficaria com um pouco mais de frio do que o normal. Não era o momento. Após alguns minutos, ela deixou a praia para trás e voltou para a estrada. Encontrou no caminho uma placa de madeira velha, e um letreiro. Praia de Gangu. Esse era o nome? Legal. Sem esboçar maiores reações, a garota seguiu rumo ao seu destino. O tempo passaria de passar lentamente a princípio, mas começaria a acelerar conforme o olhar da garota se distraía com a folhagem verde que pendia para os lados opostos da estrada. Muito verde. Muita folha. Floresta fechada. Coisas assim.

Em contrapartida com o clima de outrora, Nezha acordou com o raiar do sol em sua pureza. O laranja se misturava com o dourado e o verde, formando um belo espetáculo. A garota havia dormido sobre uma árvore alta com troncos grossos, capazes de sustentar uma grande pessoa de pelo menos uns 90 kg. Foi ali que Nezha dormiu, com o som das cigarras, dos vagalumes e dos grilos. Os sapos ao longe. Um som confortável de se ter, uma maneira boa de viver. Estava com fome, precisava comer algo logo, ou ficaria louca. Não só isso, como buscou satisfazer seu vício com uma garrafa ao bebericar alguns goles de Sakê.

Adentrando a mata naquela mediação, ela encontrou uma cachoeira, onde a água era límpida e parecia ter algumas rochas entre as águas. A jovem aproveitou para que pudesse bebericar adequadamente e se hidratar, já que não só de álcool vivia ela. Não só isso como aproveitou para se banhar. Sua barriga estava bem cheia uma vez que havia caçado um javali bem grande e comido por inteiro após tê-lo fatiado em pedaços e assado. Tudo com as mãos nuas e o básico para sobreviver. Tudo ensinado pela lenda, Kurotoban.

Após o tempo de lavagem, a garota precisou vestir uma roupa mais leve, afinal, estar com todo aquele sobretudo poderia prejudicar a proteção da mesma e ela precisava estar com roupas para refresco, se sentir mais livre e menos limitada. Por isso, seu traje consistia em uma camisa de botão aberta com faixas ao redor dos seios. Uma calça preta e suas botas. Ela se sentiu até melhor e que bom que tinha roupas reservas consigo. Passado o tempo, era hora de seguir em frente, a viagem era longa mas não impossível. Para seguir a Porto Mandari, eram vários dias de viagem de fato.

Assim a espadachim seguiu pela estradinha novamente. Foi quando ela chegou próxima em uma outra cidade pequena, mas, antes, foi parada por um bandoleiro que pulou de dentro do verde e se colocou à disposição para uma luta e furto antes de retirar sua espada árabe curvada e começar a executar manobras com o intuito de intimidar. A verdade era que Nezha o ignorou completamente, ela fez uma cara de tacho, e resolveu não falar nada, continuando a andar enquanto passava ao lado do homem, o deixando incrédulo. “Me dê tudo que você tem!” Gritou ele “Espere! Eu sou perigoso! Não faça pouco de mim” Acrescentou.

“Ei! Eu estou falando com você, garota maldita! Não me ignore, eu sou o Abdulla! Mohammed H. Abdulla! Vou acabar com você!” Gritou ele. Aquilo fez com que a garota parasse para olhar o bendito ladrão que havia aparecido no caminho. Ele exalava uma intenção assassina. O que era aquilo? Parecia tão fraco, mas não era tanto. “Eu não tenho tempo pra isso, ó?” Foi o que a garota respondeu, fechando a cara e assumindo algo mais sério. “O seu fim chegou!’ Anunciou, movendo a espada em um salto e desferindo uma estocada. O som de metal tinindo se fez presente no ar enquanto os pássaros voavam no céu.

“Pra um maluco do deserto… Você até que é bem fortinho, hein?! Quantas bruxas você comeu pra ficar tão poderoso?” Ela exibiu seu lado sarcástico e maroto enquanto sorria para o agressor. Suas duas mãos estavam retas e pressionavam os punhos de Mohammed. A poeira havia se instaurado ao redor dos dois e ambos estavam em um embate de força. “Do que você tá falando, sua maluca?” Falou o homem, a empurrando e avançando outra vez em sequência. Mas ele arregalou os olhos e jogou o tronco para trás, por pouco não sendo acertado no peito.

“O que foi isso?” Perguntou, nervoso. Se ele continuasse avançando, parecia como se fosse… quase acertado pela lâmina de uma espada? Nezha ergueu uma sobrancelha sem entender porque as gotículas de suor daquele homem estavam tão proeminentes. Nezha percebeu que ela também estava levemente suada. “Seja o que for!” Rugiu, desferindo uma série de estocadas contra a garota que se moveu cerrando os dentes levemente ao bloquear todos os ataques com suas luvas como se fosse… “Uma espada?” Foi o que se passou na mente do charlatão, o que era aquele movimento? Faíscas voaram para lá e para cá.

Mas a garota não estava mais lá? Ao abaixar os olhos, percebeu que a menina do tapa olho havia se agachado e atacado, usando o fio de sua palma como um corte letal. Tentou saltar mas era tarde demais, mesmo que parcialmente, o punho atingiu parte de sua perna, o lançando para o lado contra uma árvore. O que era aquilo? As luvas. As luvas potencializavam os cortes de Nezha assim como os de seus pés, pela sua bota. Estava começando a ficar cansada, seu corpo estava começando a pesar e estava levemente ofegante. O homem ficou perplexo por alguns segundos.

O homem encapuzado usava uma espécie de pano enrolado na cabeça assim como um cachecol, tinha pele morena como se tivesse pego muito sol e barba preta. De onde ele havia vindo? Tinha até brincos de ouro. Ficou de pé, mas seu joelho foi ao chão e ele percebeu que sua perna havia sido cortada próxima do calcanhar. O que era isso? Estava sangrando. “Mas que porra?” Questionou mentalmente. Em seguida, saltou no ar. Nezha se reposicionou mas foi o intervalo perfeito para ser atacada. O homem se chocou cruzando sua espada e acertando a garota no peito, a lançando para dentro do verde. O homem rodou no chão e se levantou ofegante.

“Maldita pirralha pequena!” Ralhou o homem, olhando para o lado e para o outro, mas não era possível ver em lugar nenhum a presença da menina. No fim, uma árvore despencou em direção ao ladrão, que precisou se jogar para o lado ou seria esmagado. “Oh, que coisa esquisita do caramba!” Resmungou, rolando no chão. E acabou sendo acertado na costa com Nezha passando por ele, abrindo os braços ao desacelerar sua alta velocidade. O homem cuspiu sangue e caiu no chão com a costa vermelha de sangue e um x nela.

“Sua pirralha!” Gritou ao cair. Nezha bateu os joelhos no chão ofegante. Sua testa estava sangrando e suas faixas estavam suja de sangue. Aquele cara havia a acertado em cheio, e de sobra ainda bateu a cabeça. Sua expressão era séria e carrancuda, será que ela não poderia só continuar andando por aí? Aproveitou e colocou mais Sakê na boca enquanto buscava se levantar, o combate havia acabado. Mas que ledo engano, se fosse isso mesmo, provavelmente teria acabado, mas as vezes a vida tem outros planos. Planos para uns, planos para outros. O homem vinha em sua direção outra vez, mais amalucado do que o normal.

“Que saco!” Nezha resmungou, se movendo outra vez e saltando no ar. O homem saltou também. A espadachim inclinou o trincou para o lado e moveu as duas mãos na horizontal paralelamente, executando um ataque de um corte de lado para outro. O homem moveu sua espada e fez um corte direto. Os dois golpes se chocaram e foram tão fortes que os dois se anularam, empurrando seus executores para trás em direção opostas. A menina monolha se chocou no chão e deslizou para trás e o ladrão rodou algumas vezes no chão, se estatelando todo.

Sangue escorria do lábio de Nezha, que estava caída no chão. Seu peito subia e descia, era um sinal de que estava cansada. Ninguém iria ajudá-la em um local tão desértico ou remoto no meio das estradas com ausência humana. O que torna esses lugares perigosos para coisas como essas. Na verdade, para ataques e emboscadas no geral no aud concerne aos possuidores de mercadorias, viajantes e afins. Nezha estava sendo vítima daqueles que queriam matar e roubar pessoas inocentes. Manco, Mohammed se aproximou do corpo caído da garota. Seus fios roxos caíam sobre seu rosto, deixando uma aura enigmática.

“Sua… sua filha da puta…” Xingou o homem, ofegante. Ele havia quebrado um dente ao processo ao cair de boca no chão. Estava sangrando na perna, na costa, ofegante estava devido ao seu nível de cansaço. “Filha da puta… Fez piada de mim, eu vou acabar com você agora… arf! Aaaáh!” Rugiu ele, levantando as duas mãos e segurando firme no cabo da espada, pronto para fincá-la no peito da jovem. Quando se sentiu pronto, o executou. A lâmina desceu como uma víbora esfomeada, em direção ao seu alvo, pronta para dar o bote e ceifar a vida de sua presa para sempre.

Foi então que em um movimento, a espada do homem se partiu em pedaços. Ele observou incrédulo enquanto os fragmentos de sua lâmina se faziam chover como uns simulação esdrúxula de diamantes. Um movimento até que inteligente da garota havia dado um golpe diretamente na lâmina, a quebrando. Em seguida, o agressor sentiu suas pernas serem envoltas pelas coxas grossas da garota em uma ato de chave. Ele estava preso. Nezha exibiu um pequeno sorriso, mas seu rosto ficou sério enquanto um dos seus olhos brilhavam em roxo rente a sombra que transcendia o seu rosto. Demorou alguns segundo para cair a ficha.

Um brilho se fez presente e em seguida, como se fosse perfurado por várias lâminas, o fio da palma da galera dançou e o peito do homem foi o alvo, sendo rasgado em vários cortes. Ele arregalou os olhos enquanto era fatiado várias vezes com várias estocadas executadas sem dó nem piedade contra si mesmo. Parecia acertado por uma metralhadora humana de cortes ferozes e animais, sem perder a graciosidade e a leveza de um Espadachim que sabia como ser cruel. Seu corpo após um tempo, ficou morto e desfaleceu após uns segundos estático. Caiu ao lado da garota totalmente inconsciente. Ofegante, a garota se sentou, cuspiu um pouco de sangue e observou o corpo do homem ao lado de si. Ele era forte.

Após alguns minutos, Nezha abriu a bolsa que o homem carregava e percebeu que ali tinha algumas coisas, como comida, um pote de água, bebida alcoólica e alguns kits de curativos. Não apenas isso como também tinha duas adagas finas e algum dinheiro. Percebendo que estava exposta, a garota seguiu então para dentro do mato até achar um local seguro. Com isso, ela retirou as bandagens de seu peito e começou a limpar o ferimento que lá havia se instalado. O tempo passou e ela cuidou de si, bem como comeu toda a comida que era existente. Bebeu água e bebeu Sakê.

Não demorou muito para tirar uma soneca e acordar trinta minutos depois. Era só continuar e seguir a sua caminhada. De volta a estrada, verificou se não havia mais nenhum idiota no caminho e logo voltou a caminhar, rumo á próxima cidade. Cada vez mais estava próxima da cidade imperial, em outra província. Tinha que passar por lá para que pudesse então chegar a Porto Mandari. O sol fez sua travessia e a noite chegou com a ausência do astro rei. Agora estava anoitecendo e as coisas ficariam mais sinistras. Era sempre assim, porque a maioria dos lugares ficam mais perigosos durante a noite do que durante o dia.

Havia chegado na cidade de Huangzu, uma cidade um tanto quanto portuária. Tinha embarcações e pequenos navios atracados no lugar e a população vivia de peixes. Pesca e venda de objetos para pescaria e outras coisas. Era uma cidade também pequena como tirar as outras, grande parte das cidades eram pequenas e se amontoavam ao redor de grandes cidades nas províncias. Um exemplo também era a cidade do Império, gigantesca. Nezha buscou então um local para se abrigar, uma vez que começou a chover. Acabou encontrando um casebre oriental abandonado.

O local realmente estava abandonado, não havia nenhuma vida naquele lugar e parecia meio afastado do conglomerado de construções. Mas talvez as pessoas mais pobres pudessem morar ali e Nezha estaria invadindo? Bom, ela buscou se refugiar em um quarto que havia no andar de cima. Lá, tinha uma cama velha e alguns cômodos. Ela se sentou próxima da janela para que pudesse admirar a chuva que caia dos telhados. Era tão bonito. No fim, Nezha acabou caindo no sono pelo resto da noite. Quando deu cinco horas da manhã, já estava de pé e precisava ir para a cidade, arranjar alguma coisa para comer.

Ela comeu em torno de oito pratos e estava bem cheia agora. Consequentemente, deixou todo mundo surpreso, porque os pratos estavam até o alto. Tai alto quanto sua altura, provavelmente o dobro dela. Nezha era uma menina baixinha, mas seu estômago era um buraco negro, destinado a suprir sua grande fome pelo resto da sua vida. As pessoas ficaram boquiabertas ao ver a garota saindo como se não fosse nada, afinal, ela estava pondo no chinelo a maioria das pessoas dali, no tocante ao estômago e a capacidade de comer. Feita a parte do seu dia, ela precisava agora apenas continuar a parte da sua caminhada.

Antes de partir, ela voltou ao estabelecimento abandonado somente para praticar um pouco mais a sua rotina diária de treinamento. Fez incontáveis flexões e carregou vários pesos, além praticar o fio de sua mão para o tornar afiado cada vez mais. Era como uma lâmina humana, e como tal, deveria ser afiada. Após isso, voltou a sua caminhada, deixando a cidade portuária para trás. Tinha sido uma estadia, mesmo que por alguns dias. Alguns dias nada, somente dois dias e olhe lá. Ao menos os problemas não haviam a percorrido até ali pelo menos, como outrora, com o usuário de sabre esquisito.

Aquilo servia de motivação para Nezha. Oponentes fortes eram sua principal fonte de combustível para se tornar a mais forte. Um dia ela seria a espadachim mais forte do mundo. Só precisava treinar muito pra isso. Era muito chão, mas fazia parte da jornada. Como Kurobotan havia sido um espadachim de lenda, ela deveria superá-lo. Mas vários dias se passaram desde então, chegando na província e seguindo em direção a cidade do Império. A viagem longa compensaria por um bom descanso em um lugar melhor, senão o melhor dos melhores, haja vista que a cidade era sobreposta aos demais.

Durante a noite, Nezha pousou sobre o alto de uma construção de vários andares, com telhados ornamentais que se sobrepunham um acima do outro. A cidade era muito animada, tinha muita luz e a quantidade de pessoas era bem maior. A temática era mais vivida, por alguma razão. Então aquela era a cidade imperial de que tanto falavam? As pessoas falavam como se fosse um local sagrado. Agachada, a Espadachim ficou observando um pequeno festival do dragão que estava ocorrendo por ali, com pessoas ricas festejando e adorando a figura mitológica que ali subsistia.

Fontes termais gratuitas eram a melhor coisa que poderia existir. Descansar em um ponto de água morna como uma sauna, não existia coisa melhor. Principalmente depois de um intenso treinamento cujo qual poderia por todos os músculos para cansar ao máximo que podia. Era hora de relaxar. Nezha estava destinada a descansar sozinha em um espaço só para ela enquanto o corpo boiava sobre as águas levemente esverdeadas. A cara de relaxamento era nítida enquanto degustava da sensação de ternura e acolhimento que o seu local de banho poderia prover. “Ahhh! Que refrescante…” Grunhiu em tom de alegria. Logo colocou um pano sobre sua cabeça.

Borbulhando, ela se permitiu ficar ali por alguns momentos enquanto todo o peso que sentia estava indo embora. Quando tempo ficou ali? Não sabia. As bochechas da garota chegavam a ficar coradas de tão relaxada que estava, de modo a parecer uma idiota. Após isso, a garota se retirou do lugar onde estava e foi para a via pública dad mulheres onde poderiam se banhar livremente com os chuveiros e bastante shampoo, sabonetes. A Espadachim se sentou em um banquinho enquanto pegava um balde e despejava sobre seus cabelos, suas costas marcadas por cicatrizes. Pareciam feitas por eletricidade.

Aquelas cicatrizes, parecia que havia passado por uma guerra. Algumas mulheres mais elegantes e delicadas decidiram se retirar ao fato de que aquelas cicatrizes não poderiam em suma ser suportadas por uma mulher comum. Parecia haver tanto peso nelas, por alguma razão. O banho havia terminado então, era hora de comer novamente e seguir a jornada. Ser mulher solitária no mundo era enfrentar desafios com 2x mais grossura do que um homem. Não era fácil. Não demorou para que pudesse sair dali, porque seu horário já havia terminado. Era hora de seguir a jornada, então se arrumou de acordo.

Explorou vários locais que desconhecia. Templos religiosos com sinos, grandes construções imperiais que tinham uma estrutura tão bonita quanto. Tudo ali parecia mil vezes melhor do que qualquer outro lugar que havia visitado. Realmente não era um lugar abaixo do orçamento. Até mesmo as pessoas pareciam melhores? Quem sabe. Talvez fosse apenas impressão, afinal, outras pessoas que conhecera pareciam tão mais sujas do que o normal. O único problema era o tempo. Quando Nezha explorou a marca da grandeza da Nação, já era de noite, beirando a madrugada. Era hora de seguir adiante, dar adeus a aquele lugar, por mais charmoso que fosse não poderia sobrepor seu destino.

De madrugada era o melhor momento para ir embora acordar de ter ouvido falar que haveria um toque de recolher, também ficou sabendo que haveria um barco que sairia para Porto Mandari naquele mesmo local noturno, no posto da cidade. Era uma oportunidade única, então por que não? Mesmo que tivesse um toque de recolher, não se aplicava somente para as pessoas que estavam ali, se aplicavam para Nezha só forçar a própria liberdade sobre os demais. Enquanto seguia pela rua rapidamente, acabou dando de encontro com dois guardas que ergueram suas lamparinas, um tanto confusos. “O que você está fazendo aqui, pequena? Vá dormir. Não é local de criança.” Ordenou um deles, balançando sua lamparina.

Nezha colocou o dedo no nariz e resmungou algo. “Eu preciso pegar o barco. Então não posso dormir, certo?” Argumentou ela. “Uma camponesa como você não teria capacidade de comprar algo para Porto Mandari. Afinal, você é pobre.” Ralhou outro. O fundo que era escuro se tornou branco e vários pontos pretos surgiram no ar quando o fio da mão de Nezha se chocou contra os dois ao mesmo tempo, abrindo um corte cruzado e cortando dois coelhos numa cajadada só. Ambos tombara no chão e Nezha seguiu. Foi quando ela ergueu uma sobrancelha ao perceber que se tratavam de guardas imperiais.

Um alarme soou e a garota pôde ver vários outros guardas se reunindo atrás dela. Ela observou um sinalizador feito pelo próprio guarda, que caiu desfalecido no chão. Nezha chutou lhe a cabeça e começou a correr. Saltou no ar e pousou sobre a murada de uma casa próxima e disparou em velocidade máxima. Um vulto apareceu diante de si e a espadachim moveu a mão, chocando sua mão contra a espada de um dos guardas, o lançando para trás. Que loucura.

Três deles saltaram em sua direção, Makara já havia alcançado uma residência, usou o próprio punho para abrir um buraco no teto e saltar, caindo dentro do andar, e em seguida, pulando pela janela. Um outro guarda pulou junto consigo. A garota de um olho só segurou-o pela perna, o lançando contra outros dois situados no solo. Nezha pousou sobre eles e disparou pelas ruas. Ao chegar no porto, ela acertou mais dois guardas no peito outra vez, cortando-os e em seguida, saltou no ar. Ela estava ofegante, havia corrido muito. Portanto, era a sua deixa. Pousou sobre a embarcação e rolou algumas vezes no chão.

Ao se levantar, havia percebido que estava deixando a Nação para trás. Era hora de uma nova vida, uma nova aventura. Soltou o ar pela boca. Será que poderia descansar após correr tanto? Estava um pouco cansada.